Breves

Concluída a reformulação deste página

13-04-2024

 

    Finalmente, as alterações a que nos propusemos estão concluídas. A possibilidade de comentar os meus escritos e a visualização de uma boa parte da minha vida pessoal e profissional ficam online. Chamamos, em particular, a atenção para a Ficha Técnica / Galeria, opção do Menu (frame da esquerda). Mas, não menos importante é o facto de puderem ler ou gravar gratuitamente todos os livros que tenho vindo a publicar, na opção Publicações / Download.  Comente

     Beijinhos e abraços.

 
Breves

Perguntas parvas

04-04-2024

 

     A IA vai ser o seu próximo chefe?

     S. Pedro um agnóstico, como eu, vai para o Céu, para o Inferno ou fica no limbo? Comente.

 
Breves

Voltei

24-03-2024

 

     Ao cabo de muito tempo e de "muitos trabalhos" cá voltei. A todos os amigos que tentaram contatar-me e a quem não pude responder, as minhas sinceras desculpas. Coisas da vida. Espero poder agora retomar esta página, escrevinanhdo alguma coisa que vos possa agradar. Para já, intrpduzi algumas alterações que podem agilizar este site e disponibilizei quase todos os livros que escrevi, permitindo a sua leitura electrónia gratuitamente.

     Finalmente, comvidos todos a assinar o Livro de Visitas (Menu - lado esquerdo), uma cortesia da Bravenet.

 
Breves

A Raposa predadora (alegoria)

10-05-2023

 

     A raposa, vaidosa, de pelo brilhante e longa cauda luzidia, parecia faiscar na noite com o néon da discoteca, patética. Bebia um drink numa languidez de freguês habitué, frapê.  

     Mirava, sobretudo, um coelho com pele de veludo. Branco e cinzento, bigodes compridos e nariz nervoso, sempre atento, com orelhas de ouvir tudo à sua volta. Janota, com um laço preto reluzente e diferente na forma de olhar e tentar agradar.

 

 

     O coelho correspondia ao olhar da raposa com um sorriso carente, movendo a dentuça reluzente como se lhe mordiscasse as bochechas eroticamente. Sedento de luar e de noite, eufemismo de porto de abrigo, inimigo de si mesmo. Deleitado com a sua áurea de macho, puro narcisismo.

     A raposa saiu do salão, exibindo o seu porte majestoso, na direção do jardim de inverno, sombrio e frondoso. O coelho seguiu-a, rebrilhando o olhar, vazio e sequioso.

     Meia hora depois, a raposa voltou ao salão. Então mais comedida. O brilho apagara-se e a bebida era um chá de tília. Pendendo do pescoço, um novo adereço, preso à écharpe. Um rabo de coelho, ainda em movimentos, lentos.

 

Avelino Rosa,

Odivelas, 10-10-2014.

 
Breves

A TAP. Continuação...

03-05-2023

 

     Eu escrevi a TAP “borregou” e… Agora acrescentaria: “A procissão ainda vai no adro.”. Contra os comentadores, o PM tomou um rumo diferente. Não concordando com o PR. O ministro Galamba fica. A política está ao rubro. Quem deu o tiro no pé? Vamos ver o que acontece a seguir, mas parece-me que o PM ganhou este “round”, apesar da condenação dos partidos e do próprio PR. Nada será como dantes…

 Odivelas, 02-05-2023

 
Breves

A TAP "borregou" e...

29-04-2023

  

 

     A TAP, criada em 14 de Março de 1945 por Ordem de Serviço de Humberto Delgado, então diretor do Secretariado da Aeronáutica Civil (por isso o aeroporto de Lisboa tem o seu nome), vem "borregando" ao longo dos anos, após o 25 de Abril, por diversas vezes. Eu próprio fui vítima de uma requisição civil, com um filho de poucos meses, em que se prometia cumprir os mínimos de segurança, fazendo uma aterragem para esquecer  na pista mais curta que hoje julgo ser usada para estacionamento de aeronaves. Uma história que não me apetece contar, sobretudo para não ficar refém do que vou escrever nas próximas linhas.

     A TAP sempre tem sido assumida como uma “companhia de bandeira”, que ainda hoje, sobretudo nos tempos de agora, não sei bem o que é. Não transfere refugiados nacionais ou gentes portuguesas em aflição. Não cobre decentemente o território nacional e nem os PALOPs, em regime de dedicação e permanência. Tal como entendi o centro da companhia aérea, mas por incapacidade minha, redutora da inteligência dos gestores do topo, irradia para longas distâncias onde existem comunidades portuguesas emigradas e mais não sei o quê…

     Depois de fundada, foram constantes as greves e os prejuízos, que saíram do bolso de todos nós. E eu bem me posso queixar de uma viagem aos Açores, com uma criança de poucos meses, com os trabalhadores em requisição civil e aterragem na pista mais curta então ainda em uso. Nem conto essa e outras viagens… E tento arranjar sempre alternativas, porque não tenho propensão para masoquista.

     Veio a privatização (um embuste pelos vistos), depois a nacionalização e agora, tudo leva a crer, nova privatização. Concordo totalmente, esperando que a nova TAP, ou como se chamar, tenha acionistas e gestores à altura e que saibam rentabilizar o universo da Companhia, até agora depreciado por “boys” ou “men” que seguem a religião de adorar o umbigo. Dos próprios. O que sempre pensei, infelizmente, nunca se concretizou: o Estado também é capaz de gerir empreses públicas saudáveis! Quando sempre me disseram o contrário, porque a política corrompe mesmo. É só observa e concluir. É pena. Gestores não preparados ou incompetentes, dependo e fazendo favores a políticos sem noção e sentido de Estado.

     É pena, repito. É humilhante ouvir e ver as notícias sobre a TAP. Situações mesquinhas que nem deviam ser notícia. E somos nós, contribuintes, que vamos pagando para um saco sem fundo. É triste. Sobretudo porque estamos num País que, cada vez mais, parece não ter futuro! Com a TAP “borrega” também Portugal. Resta saber se os “motores” não falharão no momento crucial.

 

 Avelino Rosa

29-04-2023

Breves

A Bica

23-04-2023

  

 

     Tomo-a, assim, sofregamente, acotovelando uma multidão. O milagre das manhãs, que me acorda para a vida. Retemperando as noites de insónia, povoada de fantasmas teimosos. Os mesmos que encontro agarrados às mesas, debruçados sobre o balcão do Café do meu bairro. Num vai vem alucinado. Não sei se da pressa para ir para o trabalho, se da fuga à realidade. Mas estão sempre com pressa, sempre em movimento, sempre secos e calados.

     A máquina do Café não pára. Vai derramando doses e doses de cafeína. Dou comigo a rir, ao estabelecer, sem qualquer paralelismo, a comparação com uma casa de “chuto” legalizada. Ao lado, um sujeito de casaco comprido, castanho claro, olha para mim enfastiado. Tem o nó da gravata bordeou mal feito e desalinhado, sobre uma camisa cor-de-rosa com riscas brancas e um colete azul celeste. Que mistura mais esquisita... Mas o semblante do meu companheiro de ocasião está solene, carregado, sinal de importância e de reprovação do meu riso extemporâneo. Olhei-o nos olhos. Raiados de sangue, fixavam-me como uma ave de mau agouro. Fiquei sem saber, nos poucos segundos em que nos tentámos perscrutar mutuamente, o que pretendíamos descobrir. Mas senti que aquele homem padecia de uma profunda amargura pela vida.

     Uma mendiga esperava à porta do Café. Encharcada pela chuva que caía, repetia uma cantilena, estudada ou apenas repetida, necessária à sobrevivência. Dei-lhe um euro, com o mesmo gesto mecânico com que pagara a bica. Mantive o guarda-chuva fechado. Precisava de refrescar as ideias, de me sentir vivo. De embrenhar-me no nevoeiro dos meus próprios fantasmas. 

 

 Avelino Rosa

18-12-.2003

Breves

OVNIS?

17-04-2023

  

     Ovnis a dirigirem-se ao aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) no final da tarde (início da noite) de ontem? Para os amantes desstes fenómenos aqui fica a foto. Para os outros, tentem lá outra explicação que considerm lógica. Só sei que o nosso país se está a tornar um lugar muito frequentado, nada me admirando que muito sejam ETs..

 

 
Breves

Políticos de faz de conta

11-04-2023

  

     O que se passa com os políticos portugueses, da área governamental e da oposição? Ensandeceram, atingiram o princípio de Peter (saudoso “Educador” do 25 de Abril) ou simplesmente embruteceram? Ou, pelos menos alguns, entraram em desespero histérico e paranoico?

     Primeiro, por mais que preguem a igualdade (já o Frei Tomás pregava) basta ser mulher de ministro ou secretário de estado para arrearem pancada na “tadinha” até a diminuírem a nada, esgravatando tudo à sua volta. Vá lá, por enquanto apenas em termos profissionais e relacionais. Se se tratar do marido, a pancada é mais suave. Suspeito. Então se for doutro género, nem se fala. Deve ser blasfémia. Estranho?!

     A Comunicação Social multiplica-se em notícias, anotações, comentários e, sobretudo, ressoando comentadores incompetentes, que falam do que não sabem (o que é habitual), mas falam, falam… desconfio que são pagos pelo número de palavras debitadas.

     Finalmente o Governo é uma espécie de bombeiro incendiário. Não só incendia o fogo como o alimenta, propagando-o ou reacendendo-o, como se não fosse capaz ou o quisesse apagar. Depois queixam-se. Mas foram eles (ministros, secretários de estado e o nosso primeiro ou os dois) que meteram gasolina onde não deviam.

 

 

     Meus (o caraças) senhores do Governo, como no caso da cônjuge do Ministro das Infraestruturas (e mais coisas…) não teria sido mais fácil explicar as leis da Administração Pública sobre dirigentes, concursos para dirigentes, substituição de cargos e o famigerado Coordenador? Era muito simples, a não ser que tenha havido mesmo marosca pelo meio… Porque se não tem de se perguntar o que fazem tantos assessores (alguns que até sabem o que dizem só que não os ouvem) e se recorre aos privados para quem a Administração Pública fica algures em Marte. E a oposição porque não deixa o Governo trabalhar, deixando, porque acho que ainda estamos em Democracia, que sejam os portugueses a avaliar os resultados?

     É difícil entender isto ou querem mesmo só complicar?!

 

 Avelino Rosa

11-04-2023

 
Prosa

Cores do Desejo

11-04-2023

  

   Estávamos a beber o pôr-do-sol de mão dadas. Era um daqueles dias em que era quase impossível dissecar as cores do fim das tardes de transição. De um verão decadente, mas ainda pujante, perante um Outono entorpecido pelo tempo e já antecipadamente sem esperança de afirmação. O sol era uma bola grande, pincelada por um pintor anónimo, de uma paleta com as cores chocalhadas  pelas mãos trémulas, num breve momento de lucidez entre duas garrafas de wisqui. Não chocava, mas quase doía ver o mar engolir o dia, assim. No horizonte, apenas ficou uma mancha multicolor que perdurou, metamorfoseando, escorrendo sobre o azul-escuro uma espécie de lava incandescente e, depois, suave como os beijos de amor.

 

 

Os nossos corpos também se tinham deslocado. Num movimento de atracção. Da mão dada ao abraço. E, agora, com os meus braços sobre os seus ombros, apertávamos ambas as mãos ao centro dos seus seios. Forcei o vértice do triângulo, ficando com os mindinhos ao alcance dos mamilos. Tacteai-os. Responderam, como se falassem por ela. Encostei o meu peito às suas costas, mantendo o resto do corpo afastado. Senti as nádegas dela a procurarem-me. Unimo-nos, colando os corpos. Ela bamboleava-se, esfregando o meu sexo. Ambos em silêncio absoluto, como se qualquer som ou gesto inadvertidos pudessem quebrar aquele momento mágico. As gaivotas faziam as preces do fim da tarde, numa evolução revolta e ruidosa, recolhendo-se algures nas rochas que suportavam o miradouro. O céu apagara-se. Vénus acendera uma pequena vela por entre um banco de nuvens não anunciado. A lua perdia-se numa timidez pálida.

 

As minhas mãos, trémulas, já contagiadas pelo desejo sem retorno, desceram pelo seu corpo, acariciando-lhe as pernas, levantando, aos poucos, a saia. Inclinei-me um pouco sobre ela, sugerindo-lhe que se debruçasse sobre a balaustrada... O tempo foi curto. Um pirilampo errante rasgou o espaço, mesmo à frente dos nossos olhos. Ela voltou-se, erguendo o corpo cansado, amparando-se na minha cintura e depois nos ombros. Trocámos um olhar de penumbra, sondando brilhozinhos fugazes. Só então saboreámos o primeiro beijo de muitos que a noite ainda nos reservava.

 

Avelino Rosa

Vilamoura, 13-08-2004

 
Prosa

Parábola, segundo Judas

22-03-2023

  

     Quando se abre uma porta é necessário estar preparado para o que possa surgir para além dela. E nem todos estão conscientes desse facto. Por vezes, a ambição é maior que a prudência. A sede de poder enfraquece os sentidos. A vontade desmedida de ser e ter leva a relegar o conhecimento e a humildade para um plano secundário. E aí tudo pode acontecer.

     O homem foi, enquanto jovem, de causas e de ideias. Pouco ortodoxas é certo, mas pugnava pela justiça e liberdade. Coisas vulgares, terá pensado mais tarde, mudando de rumo e de convicções. Com o poder nas mãos, fez dele próprio o centro da salvação do país. Rodeou-se de gente que não ouvia, não via, nem queria saber de nada, cegos pelo esplendor do chefe. Executavam apenas, sem pensar, sem medir as consequências, aconselhando sempre com um sim timbrado.

     As angústias dos agora dissemelhantes não os demoviam. Era preciso mudar a qualquer preço. As pessoas não passavam de meras peças do seu xadrez pessoal, mudadas de lugar, deitadas fora do tabuleiro ao sabor das conveniências de ocasião. Perante as súplicas, a pose arrogante da superioridade, do status adquirido, acima de tudo e de todos os pobres mortais, mesmo que lhes rogassem apenas a manutenção do emprego para assegurar a comida para os filhos. Empedernidos perante o sofrimento alheio...

 

 

     Um dia, o homem caiu do poder. Não se apercebera, na sua cegueira irredutível, que mandara apenas porque os mandados lhe tinham conferido um mandato de esperança. Atordoado ainda, via fugirem-lhe os colaboradores mais próximos, agora adulando um novo candidato a chefe. O homem caíra no esquecimento, de repente.  Como um capacho de cores vivas que se coloca à porta de entrada, agora enrolado junto do contentor do lixo.

     Ciente do seu fracasso, os remorsos confundiram-lhe os pensamentos. A sede de poder tinha ditado o seu destino. Já na sua viatura particular, a caminho de casa, desatinou. A ponte 25 de Abril surgiu como uma miragem, no meio do desespero. Não via as luzes coadas por uma leve neblina, mas feixes de potentes focos, desencontrados e trespassando-se, num movimento diabólico, alucinante, chamativo. 

     Os travões do carro chiaram. Sem se importar com os apitos e impropérios dos outros condutores, abriu a porta, saiu e colocou as mãos sobre a balaustrada. Nunca experimentara essa sensação. A ponte a balouçar com o vento, a tremer com a passagem dos carros e ele firme, como rocha, olhando o Tejo. Debaixo dele apareceu a silhueta de um navio de cruzeiro que se fazia ao mar. Três apitos de despedida. Tantos quantos ouviu o homem antes de mergulhar nas águas de inverno do rio de Lisboa, no turbilhão das hélices do navio.

 

Avelino Rosa

Lisboa, 15-05-2002

 
Poesia

Eternidade

22-03-2023

  

 
Ludovico

Ar condicionado popular

15-03-2023

  

    Um amigo meu, que tem a mania de pensar como eu, inventando, de vez em quando coisas esquisitas, inventou uma coisa a que chamou “Ar Condicionado Popular”. Porquê? Bom, quem não tem posses para aparelhos refrescantes normais e sofre de calor quase crónico tem de dar asas à imaginação. A ideia surgiu-lhe num dia de calor insuportável em que teve de abrir a porta do frigorífico e meter a cabeça quase colada ao congelador...

 

     Então pensou que, talvez, umas pedras de gelo, numa caixa, junto da ventoinha, pudesse produzir um ar mais fresquinho e agradável. Experimentou e, por alguns minutos, a coisa resultou. Com a sua propensão para teorizar e realizar, resolveu desenhar um aparelho, com o mesmo princípio. Este tinha uma caixa, de abertura fácil, onde ficava o gelo ou um invólucro com líquido, onde batia o ar de uma ventoinha interior, forçado por uma canalização, de modo a aumentar a força do jacto, produzindo assim uma maior corrente de ar frio para o exterior. Como preciosismo, acrescentou um painel de controlo, com botões de ligar e desligar e até três velocidades para a ventoinha. Sabia que isso não seria muito duradouro e que se teria de mudar o gelo ou o invólucro amiúde, mas também não se podia ter tudo. E que era este pequeno incómodo comparado com o preço de um ar condicionado a sério?

     Andou à procura de páginas na Internet para onde pudesse enviar o seu evento para produção. Os poucos que encontrou nunca lhe responderam. Porém, um que se dedicava a inventos, descoberto quase por acaso, enviou-lhe uma mensagem, um pouco humorada, pedindo-lhe autorização para publicar o desenho, não que o projecto tivesse aplicação prática, mas apenas por curiosidade. Ele aceitou, esquecendo o assunto.

 

            Quase um ano depois, o meu amigo recebeu uma mensagem de publicidade que anunciava um pequeno aparelho que se podia colocar nos carros sem ar condicionado, funcionando com o mesmo princípio. Não ficou furioso, porque é uma pessoa calma, mas entendeu que, por vezes, as nossas invenções, por mais disparatadas que possam ser, devem ser levadas a sério.  Apesar da reforma antecipada que perdeu, o meu amigo só lamenta que o invento não tenha tido uma divulgação massiva (e não maciça), porque muita gente por aí anda a precisar de refrescar as ideias.

Lisboa, 7-04-2002.

 Ludovico

    

Tininha

Genoma humano

09-03-2023

 

      Hoje ouvi falar da descoberta de uma coisa muito importante pelos cientistas. Os cientistas descobriram a sequência ginética do cromossoma 22. Como não fazia ideia do que fosse, pedi ajuda à minha mãe e foi ela que disse o que eles descobriram, para eu poder fazer esta redacção. Mas parece que a tal sequência é como um quebra cabeças com mais de dez mil peças e, enquanto o não conseguirem montar, fica tudo na mesma

        Se os tais senhores cientistas conseguirem montar o quebra-cabeças, a medicina pode dar um salto de gigante, é o que diz o meu pai. E isso quer dizer que os remédios passam a ser feitos para cada pessoa. E o que faz bem a mim pode fazer mal à minha amiga Silvana ou mal ao meu amigo Pedro. O senhor da Farmácia tem que ler o meu mapa ginético, para saber como fazer o remédio que me pode curar de alguma doença. Melhor ainda é que o médico, mesmo antes dos meninos e meninas nascerem, pode saber que doenças vão ter e em que idade, o que não me parece nada bem.

 

 

     Não me parece bem, porque vai deixar sem trabalho muita gente que vive de adivinhar os males das pessoas, como os parapsilógos, e porque os jovens só podem trabalhar se não tiverem doenças até à idade da reforma. O jovem vai à procura de emprego e o senhor da fábrica diz logo: - Mostre lá o seu mapa ginético!... E se o mapa tiver doenças, o jovem fica sem fazer nada. E como não ganha, não pode casar e ter filhos, porque o subsídio de desemprego não chega para alimentar a família. Então vai ficar muita gente sem fazer nada e a taxa de desemprego vai subir. Acho que quem vai ficar mesmo doente são os poucos, que têm um bom mapa ginético, que vão ter de trabalhar para sustentar tantos desempregados.

     Mas esta grande descoberta tem coisas muito boas. É que sabendo-se com tanta antecipação as doenças de cada pessoa, deixa de haver queixas nos atrasos dos Centros de Saúde e dos Hospitais. No cartão das vacinas, dos meninos e meninas, pode marcar-se também o dia da consulta ou mesmo da operação que cada um vai ter de fazer daí a dez, vinte ou trinta anos. E também é muito bom para nós, porque ficamos a saber quando vamos adoecer e fazer as contas para os remédios de acordo com o mapa que os médicos fizeram quando nascemos. E é melhor para o Estado e para os patrões, que podem saber quem está de baixa por doença ou por malandrice. Não sei é se vai sobrar gente para trabalhar em Portugal, se até os saudáveis podem apanhar uma doença não mapada, devido à poluição ou aos buracos do ozono.

 

PSD: Acho que esta redacção tem alguns erros, mas a minha mãe ficou tão cansada de me explicar estas coisas que me disse que eu fosse pedir ajuda ao meu pai para corrigir os erros. Ele disse que sim, sem olhar para mim, porque estava a olhar para o computador para uma senhora que estava a tomar duche e que ainda não devia ter jantado, porque faz mal tomar banho depois do jantar. Não percebo porque é que ela toma duche na Internet, mas como sou pequenina há coisas que ainda não entendo. O que já sei é que o meu pai se deve esquecer de corrigir a minha redacção.

 

Lisboa, 7-04-2000.

 Tininha

 
Breves

Dia da Mulher

08-03-2023

 

    Dia da Mulher, mâe, companheira de todos os dias, mesmo quando ausente. Beijinhos a todas as mulheres  do Mundo inteiro que nos aturam em cada dia da nossa existência. Para conhecer a história deste dia clique em https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_das_Mulheres

 

 
Ludovico

Amigos Chatos

05-03-2023

 

     Os amigos são o melhor que há. Chavão real e bonito, já que sem amigos vive-se sozinho, isolado, acabrunhado. Mas aqueles gajos que se dizem nossos amigos, só porque nos foram apresentados circunstancialmente, são, geralmente, uns chatos.

     Logo na segunda-feira, telefonam a perguntar pelo processo da empresa, da tia, da prima, da amiga, que quase não conhecem mas que é boa rapariga, para ver pá se isso se pode resolver ou andar mais depressa. “Claro que para amigos não há essas coisas, mas ficaria muito grato se desses um geitinho. Já agora, diz lá o que precisas, que os amigos são para isso mesmo!”.

 

     Pois é, mastigamos a saliva, mordemos o cigarro e vem-nos à memória uma frase batida. Não que seja o primeiro dia do resto da nossa vida, como na canção do Sérgio Godinho, mas simplesmente porque com amigos como estes não precisamos de inimigos, como canta o Paulo de Carvalho.

 

     São amigos assim que nos fazem duvidar da amizade, mas que, ao mesmo tempo, nos fazem acreditar nos nossos amigos. Os que não perguntam nada, porque pretendem apenas disfrutar da nossa companhia. Os que, mesmo perguntando, sabem entender o que pode e não pode ser facilitado com a amizade. Os que, mesmo pretendo perguntar, julgam melhor ficar calados para não pôr em causa a amizade. São amigos como estes que nos fazem sentir que temos importância apenas porque somos amigos deles. Apenas porque, mais do que a relação profissional, prevalece a nossa relação pessoal.

 

 

     E é essa amizade pura, salutar, cúmplice, feita de pequenos nadas, mas cimentada em tudos, que nos leva a pensar que o Mundo, apesar de todos os males de que padece, ainda é um lugar onde se podem cultivar alguns valores básicos, que sustentam o homem e a vida em sociedade.

 

     Assim sendo, que venham mais cinco, com a força do Zeca, trazidos pelo vento, pela mão do Alegre, mas todos despidos de preconceitos, de manias bestificantes, de sonhos de grandeza baratos, de retóricas pretensamente estimulantes, de subreptícias intenções e paleio gratuito. Que venham apenas como são. Feios ou bonitos, magros ou gordos, pobres ou ricos, mas autênticos. Apenas autênticos, tal como são.

 

     Portanto, cuidado com as imitações. Tal como a mulher de César, não basta ser, mas tem, também, de parecer. Donde, se impõe a recomendação: evite as amizades mais dúbias, porque lhe podem ser fatais. Não alinhe em esquemas facilitistas, como jantares, boites e saunas com tudo pago. O prazer que possa experimentar, pode ser também o acender do rastilho da bomba detonadora que o fará cair em desgraça. Quem disse que esta história não tinha moral?

 

Ludovico

Macau, 10.02.1999

Breves

Exposição Quarteira

28-02-2023

 

     Muitos da minha geração olhávamos para Quarteira como uma antítese de Vilamoura. Uma das zonas mais degradadas e desfiguradas do Algarve, à mercê de construtores civis pouco escrupulosos. E era, de um modo geral, verdade. Até “túneis” na esquina ou a meio de prédios sem fim, denotavam a ganância que grassava nos “patos bravos” para quem o Ambiente era um papel grande com um projeto de arquitetura megalómano. E a Câmara Municipal de Loulé ia aprovando, aprovando, mesmo quase sobre as praias e o mar.

     Apesar de ainda hoje recair sobre Quarteira um olhar não avisado de destino de férias indesejável e reservado a gente inculta e sem dinheiro, quase tudo mudou. A Câmara Municipal de Loulé e a Junta de Freguesia local mudaram radicalmente a agora Cidade, não ainda a fama mas, pelo menos, a paisagem que a enquadra e as estruturas de apoio ao desporto, educação… O paredão que ladeia a Cidade junto do mar é uma marca. Nele pululam corredores, ciclistas, caminhantes, famílias inteiras em passeios quase obrigatórios e não só no Verão. 

 

 
     Mas o curioso, pelo menos para mim, é que imbuído dessas ideias pré-feitas, esqueci-me de indagar sobre a História de Quarteira. Talvez adivinhando essa lacuna dos visitantes, nasceu a exposição “Com os Pés na Terra e a Mãos no Mar – 6000 anos de História da Quarteira.”. É ali mesmo junto do Mercado, no Largo das Corte. Um espaço reduzido e sem pretensões, mas que alberga conteúdos fantásticos, com um gosto e estética excecionais, que nos “obrigam” a ver e a ler tudo, com o espanto de ignorantes e deixando-nos o sabor, por vezes de figo amargo, de até então termos desconhecido mais um dos tesouros históricos de Portugal.
 

 
Breves

Mercados de Lisboa

22-02-2023

 

Lisboa mudou. Só o trânsito continua a enervar o mais calmo, com sentidos sem sentido. Damos voltas e voltas para, muitas vezes, voltar ao mesmo lugar. Desesperante. Há zonas mesmo a evitar, porque nos faz crescer um sabor amargo e quase xenófobo do presente. Mas sabe bem sentir-nos na China, na Síria, no Brasil, no Nepal, observando um restaurante, sem entender o nome, mesmo ao lado de uma antiga loja portuguesa de venda tradicional.

     No caso andei pela Almirante Reis e Morais Soares, não de carro – que descansava destas andanças junto ao antigo edifício onde se tirava a “micro” para entrar na função pública, agora abandonado, entaipado por cimento, servindo na frente e lateral de parque de estacionamento -, mas a pé, engolindo em seco uma saudade repentina de por ali ter vivido uma boa parte da vida. Restaurantes de referência fechados, dando lugar a quase nada ou a quase ruínas. O quase nada são coisas de que não gosto, nem me apetece experimentar. No geral, um cinzento sujo toma conta da vista, como uma névoa que varre a memória e nos faz duvidar da realidade que ali calcorreamos, desde o Instituto Nacional de Estatística, Técnico e Fonte Luminosa, até ao Martim Moniz, vivendo próximo da Praça do Chile, com assento habitual no Café Niagara.

     Apesar de tudo, acho que, porque ainda não tenho a certeza, voltar ao Mercado de Arroios foi uma espécie de Oásis no meio de tudo isto, que já não sei muito bem o que é. Vivo, restaurado e limpo por dentro, rodeado de restaurantes e lojas, num largo voltado para o comércio, lava-nos os olhos do resto.

 

 Avelino Rosa

Odivelas, 22-02-2023

 
Tininha

O Carnaval

16-02-2023

 

     A minha professora explicou-nos o que era o Carnaval, que antes se chamava entrudo. Para mim, é uma festa em que as pessoas se vestem do que gostavam se ser quando eram pequenas. Põem máscaras para que ninguém saiba quem são e assim podem pregar partidas uns aos outros, sem terem de se zangar. E ficam todos felizes por poderem, pelo menos uma vez no ano, serem diferentes do que fazem todos os dias. Como têm máscaras podem esguichar água e atirar coisas, porque como nenhuma pessoa sabe quem é a outra, não se podem zangar com ninguém. Nós fomos todos a uma festa no quartel dos Bombeiros Voluntários da Nazaré. Os carros estavam na rua, por isso a sala ficou muito grande e assim cabia muita gente. Eu fui de fada, com uma varinha de condão e um vestido muito comprido, que ficou cheio de confeitos e rasgado porque um menino pôs o pé em cima dele. A minha mãe vestiu-se de Zorro e o meu pai de namorada dele. A minha mãe levava uma capa e um chapéu pretos e uma espada de plástico. O meu pai pôs um vestido da minha mãe, que já era da minha avó, e um xaile negro. Também pôs uma peruca de cabelos compridos e pretos e pintou os lábios com o batom vermelho da minha mãe. Parecia mesmo uma mulher e a minha mãe parecia mesmo um homem. Eu é que fiquei um bocado confusa, porque trocava sempre os nomes quando chamava por eles.

     Toda a gente estava muito animada e andavam sempre a levantar-se para ir ao bar ou para dançar. Quando o meu pai ia buscar mais uma cerveja, o chefe dos Bombeiros agarrou nele para dançar. O meu pai não queria, mas a minha mãe disse para o chefe que não fazia mal e ele teve de dançar mesmo até ter pisado o pé do homem, que ficou agarrado ao sapato e caiu no chão. Então o meu pai ficou muito zangado com a minha mãe e ela deu-lhe com a espada. As pessoas bateram muitas palmas, porque pensavam que eles estavam a brincar, mas eu sei que não estavam. Foram-se logo embora e só falaram um com o outro no dia seguinte quando estavam a ver o Carnaval em Alcobaça.

 

 

     O meu pai estava sempre a olhar para a Tiazinha, que devia estar com muito frio, coitadinha. Como os senhores de Alcobaça não deviam ter muito dinheiro, a senhora estava quase nua e por isso se mexia muito. O João Balão, que anda sempre a dar saltinhos, se fosse um cavalheiro tinha-lhe dado o casacão que levava, mas não deu e a senhora tinha de estar sempre a fazer ginástica para se aquecer.  O meu pai disse que era muito bonita e que tinha uma linda bundinha. Eu não sei o que é, mas parece-me que é uma calcinha pequena, talvez da sobrinha da Tiazinha. Fiquei com muita pena da senhora, por não ter dinheiro nem para as calcinhas nem para o soutien. A minha mãe é que não teve pena nenhuma, porque disse ao meu pai que a bundinha dele devia ser mais bonita ainda, porque até o chefe dos Bombeiros tinha gostado.

     Quem não gostou da conversa foi o meu pai, que, muito zangado, outra vez, me mandou para o meu quarto porque queria ter uma conversa com a minha mãe. Eu fui, mas como sou esperta, fiquei com o ouvido encostado à porta e ouvi o meu pai e a minha mãe a gritarem muito zangados, mas depois não sei o que é que aconteceu. A minha mãe deve ter ficado magoada, porque gemia muito e o meu pai devia estar a bater-lhe, porque lhe perguntava se queria mais. Mas como a minha mãe gosta muito dele, dizia que sim, sim. O meu pai às vezes é mau, mas não entendo a minha mãe que parece gostar de apanhar. E depois foram os dois, muito felizes, buscar-me ao meu quarto e deram-me muitos beijinhos. Ainda bem que ainda sou criança, porque os adultos andam sempre a zangar-se e a fazer as pazes. Mas eu gosto muito dos meus pais, porque eles são muito bons para mim. Só não percebo é porque que é que o meu pai se fantasiou de mulher e a minha mãe de homem, nem porque se zangaram hoje por causa da bundinha da Tiazinha, uma coisa sem importância nenhuma. 

Lisboa, aos 6 de Março de 2000

Tininha

 
Breves

A Terra vai acabar...

13-02-2023

 

     Cientista russo afirmava, há alguns anos, que a Terra vai acabar em 16 de fevereiro.  Apenas dois dias depois do Dia dos Namorados. Um corpo celeste escuro, não totalmente identificado, mas que podia ser um cometa ou asteroide com cerca de 1 km de diâmetro. Podia cair em qualquer parte do nosso Planeta, já bastante mal tratado. Se caisse numa zona habitável, adeus a milhões de pessoas num raio ainda não determinado. Se mergulhasse no mar, dará origem a um Tsunami que matará muitos outros milhões. Se no deserto ou nos polos, nada se dizia, mas supunha-se que espalharia incontáveis metros cúbicos de gelo e areia que dariam para bué de milhões de cubos para bebidas geladas e cimento para empreendimentos maiores do que os que por aí se constroem com ar de luxo e qualidade depressiva.

 

 

     Portanto, havia que tratar da vidinha até lá. E, sobretudo, prolongar o Dia dos Namorados até à hora fatal. Para quem aguentar teria apenas uns breves segundos para gaguejar: “Sempre te amei… / O Mundo a acabar e tinha de ser logo contigo… / Nunca mais vou ter um orgasmo como este!”. Tivémos pena mas não haveria tempo para mais nada. Ia ser assim mesmo. Curto, com sorte indolor e a glória de virar poeira cósmica espalhada pelo Universo. À cautela, aconselhávamos a meterem férias, indo para os luagres com que sempre sonharam, até porque não teriam de pagar os gastos extra...

     Não se alarmem porque este tipo de notícias é recorrente. O relatado não aconteceu até agora. Aproveitem é para... O resto é com vocês. Divirtam-se e sejam felizes!

 
Prosa

Os Censores

11-02-2023

 
Breves

Recomeço

07-02-2023

 

     Vamos recomeçar a nossa atividade literária e de intervenção pública com esta página pessoal. Deixamos de lado algumas redes sociais - como o FACE BOOK -, mantendos em utras apenas referências a este site. A atualização prevista é semanal, concedendo que, por razões várias, possa se inferior ou um pouco mais longa, A principal razão será a da inspiração que, como sempre digo, depende muito da passagem da Musa por estes lados. Beijos e abraços a todos.

 
Breves

Ajustes e Namoro

01-02-2023

 

     Após um período de testes em que imperou a tecnologia, tivemos de nos render ao Windows 10, facto que nos obrigou a alguns ajustes e a interromper a as actualizações desta página durante algum tempo. Este é p primeiro "post" da nova era tecnológica, no dia 1 de Fevereiro, a caminho do dia dos namorados (14).

     Tratando-se de um dia especial (pelo menos é como o sinto), apelo a todos os leitores que me façam sugestões (doces ou amargas) para o "post" que irei colocar até ao dia 12 do corrente mês.

     Como todos já sabem, terão de enviar uma mensagem para "Contacto / Comentários" clicando do lado esquerdo do início da página (Menu). Fico à espera. Beijos e abraços.. Viva o Amor!    

 
Breves

A "Obra"

07-01-2023

 

     Está na moda os políticos apresentarem “obra”. Não é novidade, dirão os mais distraídos. Pois não, se obra não estivesse entre parêntesis. É que agora não se trata de um eufemismo para significar as realizações mais ou menos mediáticas, traduzidas em contribuições diversas, mais ou menos significativas, para a sociedade, mas de construção civil, tal e qual, assim mesmo. Túneis, estradas, edifícios e todas as coisas que se vejam bem, de preferência ainda ao longe. Estas obras é que deviam ter parêntesis, mas a vida é assim, as palavras mudam ao sabor das circunstâncias.     Que havia um forte lobby da construção civil já tínhamos ouvido falar, agora que os políticos comecem a ter apetência pela profissão de empreiteiro já me causa algum espanto. E chegam até a discutir o peso dos livros que publicam. Perante um de 20 gramas, o outro vangloria-se do quilo que publicara no ano anterior. As coisas estão assim. Os políticos digladiam-se agora pelo peso das suas obras (já nem vale a pena por parêntesis nisto). E assumem-se como empreiteiros de obras públicas. Quem constrói mais mais pesado fica na crista da onda, sobre a espuma do mar atormentado da cena política nacional.

     É uma opção inteligente. Como do discurso habitual já nada se aproveita, há que ser original. Se é que isto tem alguma originalidade. Qualquer dia, por falta de espaço em superfície, vão ter de medir forças em altura. Já terão esventrado tudo por debaixo e enchido todos os terrenos do Estado. A aposta será, agora, ver quem é capaz de chegar mais acima. Não falta muito para recuperarem aquele projecto para a área da Lisnave. Mal recusado, diga-se. Se eu fosse primeiro-ministro tinha-o agarrado com unhas e dentes. Que falta de visão, meu Deus!...Instalava o meu gabinete e todo o meu staff no último andar, acima das nuvens. Num plano superior, intocável, qual deus do Olimpo, nunca teria de me preocupar com as reles questões dos mortais. Governaria, por inspiração divina, como um pai a quem compete velar pelos seus filhos longe de casa. Não sei é se os patos bravos voam a essa altitude...

Ludovico,

Lisboa, 22.01.2004

 
Breves

Desejo que...

19-12-2022

 

 

 Homenagem ao arquiteto ambientalista

 

   A entrevista do Primeiro-Ministro deixa muito a desejar. Razão tem Siza Vieira (com amigos assim, mais vale estar longe… do Governo). As cheias deixam muito a desejar. Ao cabo de tantos anos, dos avisos do saudoso Arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles, tudo ficou na mesma. E, de novo, vêm à baila os túneis, que arrancam agora em 2023 se, entretanto, as cheias não os soterrarem. O que prova que não só de alterações climatéricas vive o Homem. Somos como toupeiras, temos raciocínio de toupeiras, há quem cheire mal e esteja enlameado como as toupeiras. O STOP está a ganhar aos Sindicatos tradicionais dos Profs. Salvo distração, sempre respeitei os sinais de trânsito, mas estes, em muitos casos, tem de ser ignorados, porque ninguém me pode obrigar a ficar imobilizado onde nem com periscópio horizontal se consegue ver o perigo ou porque são tão estúpidos como algumas pessoas que nasceram apenas para nos atazanar o juízo e boa disposição. E depois, há… ainda…

   Desculpem, mas já não tenho pachorra. Desejo que sejam todos muito felizes, pelo Natal e depois também, se sobrevirem a este ambiente, cada vez mais inverosímil e doentio.

 
Breves

Saúde e Ambiente

12-12-2022

 

   O “folhetim” dura há meses e, agora, parece estar a crescer como o frio e a chuva que, sendo de época, nunca deixam de surpreender pela sua brutalidade e consequências nalguns casos. Casos sabidos, identificados, sempre nos mesmos sítios, agora também justificados pelas alterações climatéricas.

   Certo é que estas, sendo reais, não podem mascarar a permanente ausência de ação das autoridades em compensar a impermeabilização do solo das Cidades, na mira do IMI que vai dar entrada nos cofres de cada Município. Anunciam-se medidas pomposas ambientais de sustentabilidade, autorizando a ocupação do espaço em sentido contrário. A hipocrisia ganha, cada vez mais, foros de psicose coletiva, ficando os gritos de alerta no patamar das soluções ineficazes e impraticáveis.

   A Saúde é mesmo grave. Alguém disse que tinha sido o PS a criar o SNS e que o estava a matar aos poucos. Apesar da razão factual, gosto pouco de entrar em figurações partidárias e do oportunismo político. Mas é confrangedor ouvir as notícias quase diárias das urgências que fecham, durante horas ou dias, sobretudo para as mulheres grávidas, como se nascer deixasse de ser necessário ou um direito de quem quer, ainda, ter filhos.

   Que o Mundo está um pouco (ou muito) louco, é quase certo, em múltiplos aspetos. É o que vamos deixar aos nossos filhos e netos? Temo que sim, porque se multiplicam os exemplos de que a raça humana esgotou a sua humanidade, seja lá o que isso for.

 
Breves

Portugal no Mundial de Futebol

10-12-2022

 

     A foto abaixo foi colocada antes do jogo com Marrocos hoje, em que Portugal perdeu por 1-0. A Comunicação Social diz que devem rolar cabeças. Mas foi esta que tem vindo a divulgar casos e "casinhos" e conversas fúteis e maldosas que têm vindo, com intensidade, a desmoralizar alguns jogadores e, consequentemente, a Seleção. Viu-se no campo. Agora que Portugal foi eliminado, quando tinha potencial mais que o suficiente para vencer e ir até à final, que vão dizer os arremedados comentadores de futebol? Vencem no sofá,, que transportam para a TV, as teorias habituais, mesmo que sejam o contrário do que disseram antes e criam ainda novos cenários. Há por aí uns "maduros" (cuja estupidez só serve a venda de páginas de jornais e preenche o tempo inútil da TV sobre desporto (futebol, claro, porque para eles não existe mais nada) que nem sabem do que que escrevem e falam, apenas "palavrar" para ocupar o tempo que justifica o pagamento que lhes fazem, Acabem com os comentadores anormais e apostem em gente séria e sabedora dos muitos desportos em que Portugal pontua no Mundo, incluindo os de deficientes. Que as Televisões e a Rádios, sobretudo as do Estado, sejam capazes de de divulgar, informar e formal a consciência coletiva sobre o desporto como um desígnio nacional. (À atenção do Senhor Ministro da Cultura!)

 

 
Breves

Os portugueses não compram livros

06-12-2022

 

     Porque também não compram nas Livrarias. Mas não é apenas isso. As compras eletrónicas de livros pela Internet são diminutas ainda e residuais quando se trata de Escritores não conhecidos – os que não beneficiaram de publicidade ou foram laureados com um Prémio. É como se não existissem. E não se compra a desconhecidos. Aliás, voltando ao princípio, quase não se compra nada e, muito menos livros. 

 

https://mundodelivros.com/livrarias-na-internet/

 

      Na era da digitalização, objetivo que Portugal prossegue sem grandes resultados práticos, os portugueses continuam a ser dos povos do Ocidente que menos confia na Internet e, por isso, pouco compra online. Muito menos livros. É verdade que há situações de fraude, nas suas múltiplas vertentes, que afastam as pessoas das compras através de máquinas que lhe guardam o número do cartão de crédito. Mas o sistema é o mesmo quando se compra diretamente. O imaginário é que diferencia a desconfiança. Afinal, é, mais ou menos, a mesma coisa. A compra direta pode vir com defeito e ou não ser o que se esperava. Mas volta-se à loja, refila-se, e aí está o dinheiro de novo. Como o livro, que se vê, sente e cheira, mas sem devolução se não se gostar.

     Pela Internet gasta-se cinco minutos a comprar um livro que até vão levar a casa e que cheira e sente-se como o comprado na Livraria e, geralmente, até mais barato. É, sobretudo, um preconceito que esconde a falta de hábitos de leitura, que abona negativamente da cultura do nosso País. Paga-se umas boas dezenas de euros por um bilhete de Futebol, mas custa muito um livro de 15 ou 20 euros – o orçamento doméstico não aguenta devaneios. Enquanto assim for, bem pode pregar Frei João,,,

 
Breves

O Algoritmo

01-12-2022

 

 

   Segundo a Wikipédia “é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, cada uma das quais devendo ser executadas mecânica ou eletronicamente em um intervalo de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita”.

Ora, ao que parece, o Facebook está a usar esta “receita” para mostrar a cada utilizador o que ele pode ver (partindo do pressuposto que é isso que ele quer). Se a programação já era curta, mais finita ficou, repetindo, vezes sem conta, os mesmos “posts” e apenas de alguns amigos, que são uma ínfima parte daqueles com quem mais se interage.

Posto isto, e como já disse anteriormente, o Facebook ou está a preparar-nos para pagarmos a sua utilização ou está a condicionar-nos numa perspetiva de estupidificação. Mas, ao mesmo tempo, pouco inteligente e, mais do que nós, perde Mark Zuckerberg.

 
Breves

Os Ditadores de Hoje

27-11-2022

 

     Os ditadores de hoje são “rapazes” ricos. Inteligentes, também – conceda-se -, porque em jovens tiveram uma ideia brilhante e colocaram-na em prática. Hoje são multimilionários e, nalguns casos, elevam o ego até ao limite da estratosfera durante uns breves minutos de espanto, mais para eles do que para os restantes mortais que por cá ficam, por medo ou porque não têm meio milhão de dólares, pelo menos, para uma experiência invulgar: que encolhe e estica e chocalha o corpo e tudo o que ele tem e, ainda, os deixa dar uns saltinhos ridículos em gravidade zero. Os multimilionários, elevados ou não ao quase espaço, detêm cerca de 80% da riqueza global.

     Finanças, Manufatura e Tecnologia são três das áreas em que esses “rapazes” mais “espremeram” a globalidade, entendendo-se que a tecnologia abrange as Redes Sociais. Mesmo gratuitamente, a rede social tenta fazer a cabeça das pessoas, transmite ideias, exalta (sofisticadamente) comportamentos, reprime (sofisticadamente) os que saem da caixa padrão, condenando-os, sem direito a recurso. “Mata-os” em privado, de repente, sem despedida dos amigos que eles próprios fomentam, apresentando-os em sugestões contínuas. Ninguém soube de nada. O “amigo” apenas desapareceu – a cabeça feita ao longo de meses ou mesmo anos. O “condenado”, segundo eles, tem direito a defender-se. Bem pode tentar, identificando-se, pedindo a reapreciação da “pena”. De nada serve. “Chegámos à conclusão que não é elegível…”. E-mail de resposta que é replicado uma única vez e a partir daí, perante insistência, mais uma vez, deixando-se mesmo de se obter qualquer resposta. Isto é ditadura, prepotência, ausência de princípios e de valores.

 

(Internet, sem link ativo)

 

     Acho que a vida dos “servos” é analisada por computadores, dotados de inteligência artificial. Mas a contestação é do foro de gente, naturalmente dotada de cérebro. Desconfio é que este, à nascença, veio com uns neurónios a menos, sobretudo aqueles que são capazes de discernir o permitido do proibido. Se é essa gente que também modela a inteligência artificial das máquinas, o Mundo está mesmo perigoso e, pior ainda, sem podermos fugir para um canto qualquer onde não possamos estar recatados. Há Ditadores Políticos que se servem da tecnologia, por vezes desligando-a parcial ou totalmente. Os Ditadores Tecnológicos servem-se de todos e a todos. Incluindo os que pagam, mesmo parecendo que usam a rede gratuitamente. Valem ouro, no fundo, pelos seus dados, pelas suas preferências, recetores especializados dos anúncios bem dirigidos. Porém, alimento a esperança de saber que os seus lucros vão emagrecendo, que os “usuários” vão decrescendo… Espero o fim destes Ditadores, a erradicação dos seus processos pidescos e atentatórios dos elementares direitos que nos assistem. A bem da nossa privacidade e dignidade pessoal.

 
Breves

Vidas De Bruma

04-05-2022

 

Um livro complexo, mas simples na linguagem (para todos), que nasce agora, mais uma vez através da AMAZON. Não sei se poderá ser o meu último romance, mas o meu entusiasmo dependerá, em muito, do bom acolhimento que possa ter junto dos leitores. O Vidas De Brumas está disponível não só na AMAZON, mas também por envio pelos CTT, sem mais custos do que o valor por que está à venda: 15,00 euros. Espero, sinceramente, que gostem deste romance e que lhe abra o apetite de viajar, especialmente para conhecerem os Açores e cada uma da Ilhas que compõem este Arquipélago. Beijos e Abraços.

 

Breves

Sexta-feira, dia 13

13-04-2020

 

 O Um começou a rodar, devagar, depois em aceleração crescente até assumir-se como um traço prolongado a meio do Três. Ninguém entendeu o porquê de um tal comportamento e muito menos a simbiose que descaracterizou o terceiro número universal da matemática.

 Num só, deixaram de ser qualquer outro. Nem número, nem símbolo, nem nada que se parecesse com alguma coisa. E, ao mesmo tempo, foram adotados por muitos que apoiavam essa realidade, mesmo descaracterizada e contrariando a lógica científica e social.

 O Um entrado num Três - diziam alguns. Um Três acrescentado por um Um – afirmavam outros. Nenhum em depreciação, mas apenas deslumbrados com a singularidade. E com a aceitação de uma tão profunda e fantástica diferença.

Mas, os mais entusiastas exaltavam a interiorização de dois números que, sendo diferentes, se complementavam – em sintonia e êxtase perfeitos -, para além das sextas-feiras.

 
Breves

O comércio eletrónico de livros

26-10-2019

 

   Já vamos, entrados e a passos largos, na era digital, estádio e dogma para o comércio eletrónico e relações institucionais e nas redes sociais. A velocidade e segurança do 4G, já em transição para o 5G, cimenta cada toque no computador, “tablet” ou no telemóvel e vai oferecendo cada vez maiores oportunidades (“apps”) de uso aos “devices” informáticos. A tal ponto que, com um telefone inteligente nas mãos, “dominamos” o Mundo.

  

   Mas isso não é inteiramente verdade. A globalização só se revela parcialmente como uniformizadora e potenciadora da evolução tecnológica do Planeta – já que só nesta área se pode medir, ficando de fora toda a escória política, sobretudo a da guerra, que massacra com propósitos sempre obscuros (ou pretensamente justificáveis) e, em particular o “upgrade” da mente e comportamentos (a mudança de mentalidades).

 

   A cultura de cada povo, apesar do incisivo e intricado assédio dos Média – também, geralmente, obediente a propósitos de marketing de grandes grupos -, condiciona uma resposta proporcional a este mundo novo, que pretende seduzir todos, mais eficazmente os jovens. Porque a tecnologia mudou mais depressa do que as mentalidades e estas nem sempre “beneficiam” do “upgrade”.

  

   E não tem sido sempre assim? Foi, mas nunca tão depressa (e cada vez mais rápido). A evolução e o poder de transformar o acesso aos meios que todos têm de usar, mesmo as pessoas com menores recursos e parca instrução, é discriminatória, como se houvesse várias velocidades, para jovens e velhos ainda com capacidade adaptativa ou de País para País. Colateralmente, vão proliferando pequenos negócios de intermediação, como se os cidadãos infoexcluídos necessitassem de tutor, por incapacidade física e mental.

 

   Porque o ser global, tal como muitos outros assuntos de cidadania, não se aprende nas escolas. E a “Grande Informação” é parca, concisa e precisa. Falar vagamente do “PC Quântico” e, sobretudo, que resolve um problema que levaria 10.000 anos em 3 minutos e meio, não aquece nem arrefece quem necessita do “Pc” para escrever e comunicar nas Redes Sociais. Ficam de fora as múltiplas capacidades, algumas ainda desconhecidas, que vão revolucionar as nossas vidas e as Sociedades.

 

   E, apesar de tudo isto, as pessoas continuam a pautar os seus comportamentos ignorando as descobertas e aplicações da já Era Digital, fingindo, geralmente, uma preocupação, por vezes exasperante, com as mudanças climáticas, descurando que tudo está interligado e que o digital é indispensável para a sustentabilidade humana, desde a educação aos negócios, passando pela educação.

 

   É verdade que, em Portugal, muita gente já tem conta eletrónica no seu Banco, que gere do seu telemóvel ou “Pc”. Mas são ainda poucos os que fazem as suas compras pela Internet e menos ainda os que compram livros por este meio. Claro que vem sempre ao de cima as velhas máximas: “Entrar numa Livraria não é o mesmo que visitar a AMAZON” ou outra plataforma qualquer; “o livro tem de ter cheiro e tato, deve-se senti-lo e vê-lo”. Tudo verdade. Mas a realidade está aí. Grandes empresas Multinacionais vendem mesmo o livro físico, igual aos que se podem encontrar nas Livrarias. Com a vantagem de que podem ser encomendados pela Internet, tal como marcar uma viagem ou comprar um bilhete de avião, e são recebidos em casa.

 

   Claro que a tecnologia não deve nem pode confinar os cidadãos aos seus domicílios, afastando-os dos espaços públicos, recreativos, culturais, de simples fruição ou convívio. Mas pode e deve ser utilizada como meio complementar que, ao modo de cada um, possa melhorar a sua qualidade de vida. 

 
Poesia

Lisboa à chuva

31-03-2019

 

 
Breves

Moçambique

20-03-2019

 

 
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26-01-2019

 
Poesia

Constipado

Ano Novo

Ceia de Natal

O Tempo

Descanso em paz

13-01-2019

     
Publicações

"O meu Vício és tu" e "Retalhos de Lava"

24-11-2018

     
 

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Breves

Viandante

16-09-2018

 

     Certo dia um viandante, vindo do fundo do nada – alma esvaziada, corpo cansado -, sentou-se num largo toco de árvore recentemente cortada.

     Esverdeado de pele, escamada, vertia gotículas mornas, se um suor pegajoso e persistente. O ar rasgava-lhe as narinas, pesando-lhe nos pulmões. Os lábios, carnudos e gretados, entreabriram-se deixando transparecer um sorriso triste e derrotado.

     O inimigo vencera-o. Por lhe ter aberto o peito, lancetando-o, vezes sem conta, de surpresas e espantos. Ele apenas tinha sido mais persistente. Há seres assim. Uns que existem para viver a vida dos outros, alimentando-se da sua satisfação e prazer de viver. E há também os que gostam de viver, de sentir, de entranhar-se em cada pedaço, em cada bocado da felicidade efémera, mas que somados fazem a vida inteira, que cola ao corpo e cujo cheiro não despega.

     O viandante deitou-se sobre o círculo nodoso do trono de árvore. As suas vestes e, depois, o seu corpo foram-se dissolvendo por entre os veios e ranhuras da madeira, desaparecendo como seiva ou, simplesmente, como um resto de nada.

     E enquanto se aninhava nas raízes e na terra-mãe, sorria. Começara o novo ciclo da vida – o da árvore e da sua reencarnação.

 
Breves

Aos 65 anos...

17-06-2018

     
 

 
     
 

     Aos 65 anos não me sinto mais sabedor da vida e, muito menos, realizado. Devo ter perdido os momentos inebriantes e descurado os segredos que trazem a felicidade “translúcida” e a riqueza material, que moldam o sorriso, palavroso e redundante, e o corpo numa roupagem de marca e barriguinha de cerveja.

     Apenas naveguei no tempo, de peito aberto ao vento, e deixei-me aportar aos portos que me acolheram sem perguntas. Só porque era eu mesmo. E, confesso, deslumbrei-me com isso. Por mais disfuncional e estúpido que possa parecer, admito que me senti sempre confortado. Com a naturalidade dos “picarotos” feitos de mar e lava. É o que sou!

 

Avelino Rosa

Odivelas, 17-06-2018

 
 
Prosa

A Internet das Coisas 01/02/03/04/05

14-04-2018

 
Poesia

Não Sei do Amor

19-03-2018

     
 

 
 
Poesia

Não tenho medo

Orquídea

09-03-2018

     
 

 

 
 
Poesia

Dos meus olhos a tua cor

25-02-2018

 
Agenda cultural

Atualização

13-01-2018

 

   A Agenda Cultural foi integralmente atualizada, permitindo uma cobertura nacional, tão ampla quanto possível. Recordamos que a Agenda está organizada por Distritos e Municípios (a maioria dos disponíveis na WEB), refletindo as atividades locais, mas também os eventos por regiões e a nível nacional, neste caso através das Agendas Regionais e Nacionais, bastante abrangentes.

   Pode colaborar enviando-nos links de câmaras municipais ou de agendas culturais não inseridas nesta página, através do email avelinorosa50@gmailcom. Esta Agenda é, que saibamos, a que tem uma mais ampla cobertura do País e, com a sua ajuda, podemos torná-la ainda melhor.

 

 
Poesia

Cabelos flamejantes

Palavra engaiolada

O nó

Sempre apeteces

Fado choradinho

08-12-2017

 
Prosa

Nuvem passageira

08-07-2017

 

     Este conto, que partilho convosco, tem de ser lido sob as palavras. Retrata algo já velho, mas sempre atual. A ambição desmedida, sobretudo dos que partem do nada. O arrependimento tardio não redime, apenas faz constatar que o percurso de vida, além de inútil, foi fatal para os concidadãos. Hoje, mais do que nunca, cada um tem de (re)pensar o seu papel neste Mundo que é de todos nós.

 
Publicações

Ana Ribeiro

08-07-2017

 

     Faz uma apreciação sobre o meu livro "Nas Asas da Net". Um trabalho que muito me apraz registar. Obrigado amiga Ana Ribeiro. Quem sabe se um dia não haverá outro romance com esta temática que, parecendo simples, é muito complexa e exige grande exposição de nós próprios. Porque muitos leitores não acreditam que o escritor tem uma imaginação ilimitada.

 
Breves

Miguel Rosa

05-07-2017

 

     A viver em Inglaterra, desde 2013, na Cidade onde nasceu William Shakespeare (Stratford-upon-Avon), o Miguel Rosa, que vai fazer em breve 9 anos, parece ter uma apetência especial para a escrita e, em particular, pela poesia. Não lhe posso ensinar nada, mesmo reivindicando o estatuto de avô. Apenas senti-me imensamente orgulhoso quando conheci estes poemas. E fico à espera de mais, sem pressões nem exigências. Não se escreve apenas porque se quer, mas porque é um acto que faz parte de nós e nos toma, ora de assalto ora na languidez. Como costumo dizer, são os dedos inquietos e irrequietos que povoam as folhas brancas a mando de algo que nos transcende. Força Miguel!

 

   

 
 
 

 
Breves

Dimensão GECHYVAC - IV

01-07-2017

 

     A água comprimida dos jatos massajava, criando e ampliando sensações. YNARA olhava para mim, lânguida e sedutora. Descobri, de repente, que os olhos dela esverdearam, a sua língua bifurcou e a pele começou a cobrir-se de escamas. Ainda pensei que o vapor de água distorcia a imagem de uma serpente, mas não. Tentei abandonar o Jacuzzi em vão. YNARA enrolou-se em mim em múltiplos abraços… Exausto da refrega, gritei para dentro de mim. O grito acordou um ser transfigurado, sentido o corpo e a cama molhados. Sonhara ou voltara à minha Dimensão depois de um dia anormalmente quente, sob o enigmático Sol do Algarve?

 
Breves

Dimensão GECHYVAC - III

26-06-2017

 

     Que faria com YNARA assim reduzida a um ser minúsculo, apenas com a cabeça de fora da algibeira e uns olhos esbugalhados fixos no nada? Esfreguei-a com uma mistela anticongelante. Depois coloquei-a no Jacuzzi, enquanto tomava um café para aquecer. O ar lá fora estava gélido, com um vento cortante e inibidor. Uma neblina cor de laranja tornava a paisagem fantasmagórica. Fantasma tinha eu à minha frente. YNARA voltara à normalidade, reclamando um gin tónico, com aqueles olhos e lábios carnudos sensuais, e a minha presença junto dela. (- Pensa rápido! – disse comigo mesmo, mas nada.) Que hei de fazer para voltar ao meu Mundo?

     Aceitam-se sugestões no Facebook. Vá lá, ponha a imaginação à prova!

 
Breves

Dimensão GECHYVAC - II

24-06-2017

 

     YNARA, a Estrela, vibrou tanto que começou a adelgaçar a olhos vistos. Uma poça de gordura encheu o círculo onde nos encontrávamos. Caí, escorregando no líquido azul esbranquiçado, passando entre as pernas de leggins disformes e projetado para fora do espaço da diversão virtual. Aqui, já não havia som do espetáculo, apenas os zumbidos dos zuberdrives que, num frenesim, transportavam clientes pelo ar, em todas as direções. Uma vozinha, fraca e distante, pontapeou-me uma canela. Olhei para baixo e descortinei Estrela, pequenina e empalidecida. Agarrei-a e metia-a no bolso esquerdo do blusão azul, tomando um táxi aéreo.

 
Breves

Dimensão GECHYVAC - I

22-06-2017

 

     Continuo na dimensão GECHYVAC. Afinal, é quase igual à nossa e já começo a sentir-me maçado. Fico mesmo irritado (interiormente) por não poder voltar já. É que tenho alguns compromissos, entretanto assumidos, como o de acompanhar uma estrela a um espetáculo megaTECNO, onde temos de ouvir o som apenas através das vibrações. Forma de proteção dos tímpanos, mas também de desencadear outros fenómenos invulgares, só possíveis com o corpo vibrando como um diapasão, dando lugar a experiências sem tabus. E não digo mais, imaginem…

 
Poesia

O "Coice" da "Mula"

31-03-2017

 

 

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Poesia

Não é desta ainda

Não sei se é adeus

Querer e sonhar

Relicário

O lado negro dos teus olhos

27-03-2017

 
Prosa

O Viandante

27-03-2017

 

 

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BOAS FESTAS

Ótimo Natal e melhor Ano Novo

18-12-2016

 

 

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Poesia

O cigarro e o uísque

04-12-2016

 

 
Poesia

Infinito

Intervalo

03-12-2016

 
Poesia

O cigarro e o uísque

01-12-2016

 

 
Poesia

Tão perto e longe

01-11-2016

 

 
 
Poesia

Rima da Vida

Beijo pesadelo

Vou depressa, vou embora

09-10-2016

 

 
Poesia

Não sei que dirão de mim

08-10-2016

 

 
Poesia

Quando morremos

03-10-2016

 

 

Quando morremos

morremos mesmo

frios, impávidos, esbranquiçados

de olhos fechados, serenos

- é assim que nos vêm

direitinhos e aconchegados

no caixão mais ou menos elaborado

 

Morremos tal e qual

assim mesmo, finados, sem mais

- se uns ainda suspiram uns ais

outros, cumprindo calendário,

riem ao fundo, sob o fumo do cigarro

em conversas triviais e de reencontro

que faria morrer de novo o defunto

 

Morremos e pronto

- e ainda bem que partimos sem destino

há que descansar de todo este desatino.

 

Avelino Rosa

Odivelas, 03-10-2016

 

A utopia do futuro

01-10-2016

 

     Estudar as novas tecnologias aplicadas ao quotidiano. A pele da Terra (internet das pessoas, das coisas e dos dados). A comunicação global. A perda de postos de trabalho resultante da tecnologia (já Karl Marx…). A revolta por falta de objetivos e de emprego. A descrença. O neoliberalismo selvagem…

 

     Pode-se estudar isto? Sim, mas… A realidade ultrapassa, com frequência, muitos projetos de investigação. O futuro não é já uma evolução mais ou menos de variação contínua, mas uma sucessão de saltos atípicos e sem sustentação global, com uma fundada suspeita de controlo financeiro. As máquinas da primeira revolução industrial são arqueologia de uma quarta revolução – a digital ou 4.0 -, a que se seguirá a quântica, com contornos inquietantes.

 

 

A engenharia financeira – há muito conhecida -, tem vindo a aproveitar o desenvolvimento tecnológico para refinar o prolongamento de um paradigma autofágico: o não crescimento exponencial dos bens produzidos e ou do valor acrescentado – pela ausência de recursos de ponta suficientes e cada vez mais apropriados por uma minoria de países -, aliados a um reduzido desenvolvimento do poder de compra da esmagadora maioria da população – mesmo nos países mais desenvolvidos, mas sobretudo nos cada vez mais endividados ou em guerra, porque esta tem de manter-se como corolário de um Mundo que, vivendo em tensão e desequilíbrios, precisa de escapes.

 

O liberalismo selvagem é autofágico. Cria a necessidade de consumo. E tenta consumir tudo de cada um. A proporção dos mais ricos face aos remediados e pobres é pornográfica. Ao consumir sem sustentabilidade, este liberalismo consume-se a si próprio. A falência de bancos e empresas retira ainda mais rendimento a cada cidadão porque o Estado e as instituições supranacionais dizem ter de evitar o colapso do sistema financeiro obrigando cada pessoa a ser uma espécie de réu substituto (com sentença transitada em julgado) de quem é efetivamente culpado, embora detenha capital salvaguardado em paraísos fiscais.

 

O Mundo começa a estar perigoso. Sem ideologias, sem consciência social e política, os resultados começam a sentir-se. Só não vê quem não quer ou não enxerga. Não vai haver uma revolução, mas o que já se está a passar é um alerta do muito mais que se vai seguir. - Várias panelas de pressão que ameaçam explodir.

 

Avelino Rosa

Odivelas, 01-10-2016

 
Poesia

Prece

18-09-2016

 
Muralhas e Muros

09-09-2016

 

     A História é fértil em muralhas e muros. Das muralhas, é incontornável a Grande Muralha da China (206. AC – e que pode ser vista do Espaço), mas também podemos lembrar as muralhas de Constantinopla (séc. VII AC) até às nossas de Elvas (séc. XVII a XIX). Muros, destacam-se o de Berlim (iniciado em 1961) e o das Lamentações, na área Ocidental de Jerusalém – com tantas edificações e destruições, anteriores ainda a Salomão. Todos tiveram em comum a função de defenderem o território dos inimigos, salvo algumas situações em que o motivo poderá ter sido de ordem religiosa.

      A queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989, foi, antes de mais, um acontecimento histórico. Significou o final da guerra fria, sobretudo entre uma boa parte do Ocidente e a zona de influência da URSS. Cada bocado do muro desmantelado – por todos os meios disponíveis -, mais que um pedaço de betão foi o fim do absurdo e o recomeço da esperança do futuro Europeu e da Humanidade, independentemente da posição política de cada um. Porque o seu simbolismo foi para além do nosso próprio imaginário. Expandiu a nossa liberdade, sem amarras, permitindo uma nova globalização (assumindo que a primeira é bem nossa, numa altura em que, apesar do desconhecido, fomos capazes de “dar novos mundos ao Mundo”).

 

 

     Agora, já ninguém quer fazer muralhas. Apenas muros. O Muro de Calais, o Muro entre A Tailândia e a Malásia, o Muro entre os EUA e o México (segundo Donald Trump). Porque as muralhas protegem das evasões inimigas, os muros das visitas indesejáveis. É assim que se consideram os migrantes das novas guerras criadas pelo Ocidente, especialmente por um personagem de fraca de inteligência mas que teve o poder desmedido, chamado George W. Bush. E tudo se passa, agora, através de uma UE descaracterizada, desabonada da solidariedade dos seus fundadores e despida dos valores que pretendiam cimentar a União.

     Se juntarmos a este cenário dantesco os espetros do DAESH (ISIS) e da Coreia do Norte e, mais perigoso ainda, do liberalismo autofágico – que cria e recria factos e geografias de conveniência -, o Mundo já nem é um barril de pólvora prestes a explodir, mas um fogo fora de controlo, que poderá atingir proporções inimagináveis. A humanidade desumaniza-se, a cada momento, abrindo portas aos populistas que, por serem básicos – incultos e incapazes -, ainda não entenderam que vão “herdar” uma terra ardia, nua e estéril, condenando a própria espécie.

 

Avelino Rosa,

Odivelas, 09-09-2016

 
Poesia

Lua magoada

25-08-2016

 

 
Poesia

Decadente

15-08-2016

 
Poesia

Quando eu morrer

12-07-2016

 

 
Arruda dos Vinhos

18-07-2016

 

     Neste dia de calor, quase extremo, cumpri a promessa de ir almoçar com D. Sancho I e algumas bruxas, em Arruda dos Vinhos. Ele, apesar da idade e de uma ou outra imperfeição do corpo, continua quase na mesma, sisudo e ensimesmado, remoendo as suas poesias e retorcendo a barba emaranhada. Mas o almoço, na taberna da Ti´Amélia ia azedando quando o tratei por “ó Martinho!”… Não fora a pronta ajuda e o gritinho sibilante da bruxa Ana Lérias e ainda teria provado uma espadeirada enferrujada. Eu, que não tenho a vacina do tétano em dia… 

 

 

     Esquisita ou em resultado do bom vinho emborcado, a Ana Lérias, com aquele olhar encovado e penetrante segredou-me ao ouvido que queria… Tendo eu retorquido que tinha de ir logo de seguida para Odivelas, mas que podia voltar noutro dia…

     E aí está porque não se pode dizer “não” a uma mulher. Logo rogou uma praga que mal entendi. A verdade é que me infetou o pc com um vídeo porno e levei o resto do dia a remover o vírus e a recuperar as amizades do Facebook.

     Mais valia ter continuado em Arruda dos Vinhos, bebendo e comendo melhor…

 

Avelino Rosa,

Odivelas, 16/18-07-2016

 
Poesia

21-06-2016

   
A minha terra é o Mar

04-06-2016

 

     A minha verdadeira terra é o mar. O mar dos Açores. Proibido de me aproximar, esqueci. O chamamento era mais forte. E ele acolheu o menino rebelde, protegendo-o na irreverência e insensatez. Algumas advertências foram, por vezes, severas. Merecia-as. Mas perdoou-me, enquanto outros pagaram com a vida.

     Sempre pensei no meu mar mais como um refúgio do que um escape ou a fuga para além do horizonte. As lapas e os polvos foram. talvez. mais um pretexto do que necessidade. As “lavadias” da Alagoa eram mesmo um desafio. Geralmente conjunto. De bravos e inconscientes “guerreiros” em plena afirmação. Loucos! – diziam uns quantos, não sem uma ponta de reconhecimento da nossa ousadia e coragem, que eles não tinham.

 

 

     É por isso que não temo o mar. Apenas aprendi a respeitar e a entender as suas fúrias repentinas e zangas duradouras. Somos iguais. E voltaria a viver naquele doce embalo da corrente sinuosa das ondas, ora indo ora vindo por entre as rochas submersas. É mais perigosa a vida cá fora, num mundo cada vez mais estranhamente indiferente a tresloucados desabitados de razões e valores. O meu mar é mais sereno e ronrona aos fins das tardes de verão. 

 

Avelino Rosa

Odivelas, 04-06-2016

 
Poesia

Marinheiro

03-06-2016

 
Poesia

Já não me amas

01-06-2016

 
Fui e voltei...

Agora ELA, a Gó...

13-05-2016

 

Há dois dias, faleceu uma grande amiga, com cancro, num espaço de tempo de pouco mais de duas semanas, Inesperada a sua morte, galopante a doença que nos privou da sua irrequietude, alegria e vontade de viver. Com ela, o convívio era uma festa, sã e saborosa, que nos contagiava a todos. Grato pelos bons momentos, deixo-lhe a minha homenagem, abraçando o marido e filha, família de sempre. E este sofrimento fez-me lembrar que, em janeiro de 2012, já internado na Unidade de Cuidados Intensivos da CUF, à espera de ser operado ao coração, pedi o meu bloco de notas e escrevi os textos abaixo. Já mais para o "lado de lá", confuso mas sereno, acreditei que atravessaria as paredes do Hospital e renasceria, E assim foi. A Goreti não consegui, mas ficará na minha (nossa) memória para sempre. Tal como era. Até Sempre Gó!

 

(Escrita quase indecifrável, quando aguardava operação ao coração, no Hospital da CUF / Infante Santo, que ocorreu a 12 de Janeiro)

O cenário sempre mudando, aos lados e à frente, colocado numa simples rua industrial ou em alto mar.

O que deveria ser (e é) um Hospital, mesmo nessa condição, parece mais um lobby de hotel ou, o cockpit de um navio, cada manhã.

Não importa o que seja, o que até pode parecer, simplesmente imaginando. Quero apenas saber o que me envolve, em que me envolvem estas sombras estranhas. Porque muda tudo à volta, porque me surpreendem quase constantemente.

Mas, afinal, não me parecem premonitoras de mudanças drásticas. Apenas experimentando-me e configurando caminhos. Moldando a mim e eu a elas.

Deve ser como quero renascer amanhã!

 

 

Quero entranhar-me nas paredes

deste edifício, que se transmuta

todas as manhãs

 Assim posso sair delas como simples erva

 Avançando devagar pela casa

nunca acabada

que morre e renasce todos os dias

numa agonia telúrica

que se esventra da terra

e geme, treme, remexe

e perpassa por todo o corpo

sintonizando tristeza e alegria

vontade de viver.

   

 11-01-2012

O acordar de hoje foi ainda mais de encontro aos anteriores.

Pronunciando um estilo campestre de mobiliário, que já não só mantém a função de UCI mas a prolonga num comércio geral de mobiliário e decoração.

A “loja” está cheia, a abarrotar de todo o tipo de utensílios, cedendo um pouco à técnica e medicina na área mais marcante da UCI.

O enfermeiro João no seu lugar de sempre, agora com roupa mais ar anos 50, continuando a olhar para o seu monitor, quase imutável.

Não sei se quero levantar da maca/cama. Cada vez que fecho os olhos e os volto a abrir há uma mudança quase impercetível que se vai pronunciando, com ou sem reversão, como se pudessem ser seguidos a caminhar e dependessem de mim que isso acontecesse.

Não sei como. O enfermeiro João está impenetrável.

Só agora dou conta que consigo sair de onde estou. É como se me materializasse algures num outro espaço, meramente imaginário claro.

Não compro nada, não mudo nada, posso observar apenas, distribuindo e recebendo olhares, indecifráveis. 

12-01-2012

 

Do outro lado da vida

 

Estive do outro lado da vida,

tranquilo, como quem está

pronto e expectante…

Ouvia apenas os anjos em azáfama:

“Está a ir…. Preparar DAE… Esperem…

pode ser a Amiodarona… Está a reagir!”

E eu não fui. Teimoso, como sou, fiquei.

“Quando lembro e o vejo agora assim…”

E rimos, eu remoçado, ela feita anjo feliz.

 

A vida é assim, presa por um fio

- só mãos delicadas e experientes

o conseguem manipular sem partir. 

Avelino Rosa

Odivelas, 02-08-2014

(Escrito 2 anos após a operação, em homenagem aos meus médicos da CUF Infante Santo)

 
Publicações

Agora pode fazer download gratuito de alguns textos

e ler, comodamente, em papel ou no seu pc, telemóvel, tablet, etc..

02-05-2016

 
Poesia

Palavras circunstanciais

29-04-2016

 
Poesia

Tapete de Arraiolos

09-04-2016

   
Sol ou Chuva

01-04-2016

   

 

     … tanto faz! Esconder o Sol-Lua ou o seu contrário, ensombrando a sua luz é esmorecer a vida, parando-a como os ponteiros de um relógio sem corda…

 

     O cinzento padronizado mata a estética. E anula a luz, logo a cor. Corre, pardo, sob um manto de vulgaridade, por vezes singular. Vingadoras, as tormentas desabam, lavam e escavam percursos sinuosos mas também redentores.

     Só sei de cinzas. As que vi formarem-se e estender-se, vomitadas do interior da Terra, em labaredas e tremores. Como um parto ensanguentado sem futuro. Acabando em areia escaldante, depois morna e obedecendo à natureza amansada. Como o fim de todas as tempestades.

     O cinzento está em nós. Mordaça da esperança, reprimindo os gritos que nos apetece soltar. E ficamos assim. Peças de um museu de marionetes. Pulsando ao som pardo, que tolhe e inquieta. Manietados ou animados por dedos hábeis e ávidos. De poder?! Não. Apenas de uma “coisa” qualquer.

 

Avelino Rosa

Odivelas, 01/04/2016

 
Poesia

Já não choro

27-03-2016

 
Poesia

Sou mineiro (Cante alentejano)

22-03-2016

   
Encher Chouriços

19-03-2016

   

 

       Diz-se quando nada se acrescenta, alimentando o discurso ou conversa apenas para fazer (encher) tempo. Por exemplo num programa de televisão, enquanto se espera por um evento importante que, por qualquer motivo, se atrasa.

 

     Sendo compreensível em momentos de direto, já não se entende que se aplique o mesmo princípio e verborreia a comentários a factos reais, recém-acontecidos ou mesmo já longínquos no tempo de televisão. Uns quantos profissionais do palavreado são chamados a discorrer sobre tudo e nada, sobretudo sobre o que não sabem e até do que nunca ouviram falar. E levam eternidades, até serem interrompidos para dar a vez a outro ou porque está na hora de acabar o programa, aliás com o timing já ultrapassado.

 

     Senhores das Estações de Televisão: - Deixo aqui, publicamente, a minha disponibilidade para encher chouriços, naturalmente com as mesmas condições dos outros comentadores, prometendo que nada direi que vos possa comprometer e até acrescentado um pouco mais de conhecimento e cultura à vulgaridade a que nos vêm habituando. Um aviso, porém: quero mesmo o recibozinho com o número de contribuinte, não só porque entendo ser meu dever pagar os impostos mas também porque não quero comprar nenhuma guerra, perdida, com as Finanças.

 

     Não envio curriculum vitae, porque julgo que este texto prova, cabalmente, as minhas habilitações para a função pretendida. Cumprimentos melhores.

 

Avelino Rosa

Vilamoura, 19-03-2016

 
Poesia

Ontem morri

17-03-2016

 
Poesia

Flor de lava

12-03-2016

 

 
Prosa

O mistério da vida

12-03-2016

 
Prosa

Ai Zazus!

28-02-2016

 

Dia dos Namorados

 

14-02-2016

 

 

     O Zé Lambreta fez um poema à sua amada que, mais ou menos coisa, rezava assim:

“Minha querida amada

Depois da tua ausência amargurada,

Só a inclemência de nada acontecer

E virei errante e distante sem a tua presencia.

Tá bom de ver que nenhuma faz esmola,

Só a vizinha do lado me consola,

Quando o marido sai para os estrangeiros,

Conduzindo o camião dias e dias inteiros.

Volta depressa antes que me aconteça ficar preso,

Dessa ou outra mulher que me apeteça ou ficar teso

Da reforma que inda me hão de pagar,

Se o governo não a adiar ou mesmo não a dar.”

– Do teu Zé, mui necessitado. Obrigado!

 

     O Zacarias, igualmente bom malandro, mas mais finório, não fazia versos e muito menos rimas, apostava numas faladuras mais elaboradas, num tom baixo e monocórdico, derretendo as palavras e os gestos como mel aquecido num lume de paixão repentina, como aquele que se incendia, no recipiente de barro com álcool, para assar um chouriço. E levava-as à certa se, por acaso, gostassem de um bom tinto, não importava donde, porquê já o gosto havia sido induzido pela lábia do Zacarias.

 

     Depois havia o poeta, que falava de si e dos seus versos quase célebres – faltava-lhe apenas a devida projeção. Com maneiras, doçura e fingimento, varria de lindos lugares comuns a mente delas, como um vento que aquecia todo o corpo, num tolhimento tolo e acelerado.

 

     E havia mais. Muitos mais…. que, no fundo, queriam apenas namorar, sentir-se amados, não importa se por umas horas, dias ou sem limites temporais. Gente que precisa de alguém, que simplesmente quer viver a vida com os melhores ingredientes que ela proporciona.

     Não importa se namora o Zé Lambreta, o Zacarias ou outro qualquer… apenas que você, mulher, se sinta feliz com ele. E ele consigo, sem machismos, sem preconceitos. Que o amor é cego e a paixão serve-se nua, com sabor a morangos silvestres e ao som trovejante dos tambores.

 

     Um ótimo Dia dos Namorados!

 Avelino Rosa

Odivelas, 07-02-2016

 
Poesia

O nosso ritmo

14-02-2016

 
Vídeo Clips

12-02-2016

 

 

Vamos abrir um novo tema - Vídeo Clips -, ainda em fase experimental.

Vamos publicar no YouTube uma série de "clips" de imagens nossas, algumas muito antigas (digitalizadas de VHS)

e outras, mais recentes, já em HD. Esteja atento(a) e, de certeza, algumas dessas imagens vão ser uma surpresa.

Para já, clique na opção Video Clips (do lado esquerdo) para ver um pouco do Carnaval de Loures 2016.

(Ignore a mensagem do final da página se usar o Internet Explorer)

 
Links e Agenda Cultural

07-02-2016

 

 

     Reformulámos as Ligações (Links - opção do lado esquerdo) de modo a albergar todo o tipo de páginas - sites (sítios), blogs, com exclusão do Facebook -, institucionais, pessoais e outros. Pedimos a todos os amigos que nos enviem um ícone e endereço de outras páginas pessoais ou dos Países da Comunidade Lusófona - neste caso, que representem grupos alargados na área da literatura (prosa, poesia ensaio...) -,para poderemos enriquecer este projeto que pretende estar ao serviço de todos.

     Do mesmo modo, gostaríamos de colocar na Agenda Cultural (opção também do lado esquerdo), os sites (sítios) ou portais mais representativos dos eventos culturais de cada País da Comunidade Lusófona. Aqui fica o desafio e o mesmo pedido de um ícone e endereço eletrónico.

     Saudações lusófonas e votos de um ótimo Carnaval, sobretudo aos amigos brasileiros :)

 
Um milhão de acessos

23-01-2016

 

 
Albedo

 

17-01-2016

 

 

     O meu gato “pensa” que eu mando no Sol. Cada vez que este fica encoberto pelas nuvens, na sua linguagem própria, “ordena-me” que lhe reponha o seu bem-estar – uma espécie de energização a que, naturalmente, apraz uma baixa redução da taxa de albedo (se não sabe o que é há, entre outras, a Wikipédia).

     Faz-me sempre lembrar algumas pessoas que nos pedem o impossível, apenas para fazer constar que sabem e podem tudo, pretendendo fazer-nos crer que somos uma espécie de vermes acéfalos.

     Não aceitando a sua condição, na verdade padecem de um ratio negativo de albedo, sendo a sua absorção da realidade nula. Pior ainda é que a radiação que refletem não aquece nem arrefece ninguém, apenas nos torna indiferentes.

     Honra ao meu gato, inteligente e preocupado apenas com o seu bem-estar, felino normal e sem pretensões a leão de circo.

     
Os Sabujos

11-01-2016

   

 

     Os Sabujos tem as patas da frente fracas. Sucumbem facilmente a latidos mais altos que o seu ganido agudo e irritante. O olhar pardo e ausente, incerto e mesmo fugidio, fá-los recuar ao início do dia, quando se olham ao espelho – ainda atordoados e com as ramelas cristalizadas -, numa patética ambivalência de narcisistas e de salvadores do pequenino mundo que os rodeia.

     Os Sabujos humilham quem tem de conviver com eles, por azar do destino ou necessidade de sobrevivência. Mas bajulam quem neles manda, com salamaleques, exibicionismos, frases feitas de vazio, de feitos dos outros, de incultura e iliteracia.

     Os Sabujos acabam sempre mal. Enrodilhados, mordendo o próprio rabo, dando voltas e voltas para voltar ao mesmo. À estupidez de sempre.

 
Conversas de Café 03

31-12-2015

   

 

     A poucas horas do final de mais um ano. Ainda não penso nos que poderão faltar. Mais por inércia ou mesmo convicção? Devo julgar que, passadas algumas tormentas, o caminho segue, sinuoso como sempre, mas com terra batida e asfalto para andar.

     A idade física e a mental – a acreditar nos testes que vão aparecendo no FaceBook – levam-me a muitos anos atrás. Sorrio, sentido que as meras fórmulas informáticas irrealistas, traduzem ainda o que sinto e de que sou capaz. Não penso no final inexorável do ciclo, apenas no que farei, intensamente, até um dia - não importa quando.

     Na mesa ao lado da minha – onde despacho, com sofreguidão, um cozido à portuguesa -, um casal de “velhotes” esgrime desavenças do dia. Queixa-se ela de que ele pouco lhe liga e não... Responde ele, pesaroso, acusando o comprimido de não ter funcionado, de possível falsificação, da nenhuma fiscalização dos Serviços de Saúde, da armadilha que possivelmente lhe montaram e a que ela não deve ser alheia – desconfia mesmo da troca do medicamento por um placebo. Porque o que ela pretende é a herança dele para se divertir com um mais novo e… Uma “guerra” que só se apaziguou com os olhares reprovadores dos clientes e do empregado de mesa.

     Foi ai que, acabado o cozido, dispensei a sobremesa e pedi um café com cheirinho. Há coisas que ainda só de cheirar me arrepiam… e… (Entendam o que quiserem, tinha mesmo de escrever um texto antes de acabar o ano – lol).

 
Agenda Cultural

Revista e atualizada

27-12-2015

     
 

A Agenda Cultural foi totalmente revista e atualizada, contendo agora, designadamente, alguns links para o Facebook.

Sendo uma das opções mais usadas desta Página, pede-se a todos que nos façam chegar sugestões

e ou correções que a possam enriquecer e servir melhor os utentes, através da opção Mensagens.

 
 

 

Gambozinos

 

26-12-2015

 

     Parti, ao anoitecer, de lanterna e saco nas mãos, pela floresta adentro. À procura de Gambozinos. Ouvi as vozes dos bichos noturnos. Nos intervalos, o silêncio cortante, o ensurdecedor estalar de arbustos sob as botas enlameadas. As horas iam passando. Em cada buraco abria o saco e esperava pacientemente. Até que a paciência virava impaciência e angústia. E a vontade era renovada em mais uma tentativa. Prometida pelo pio arrepiante de uma coruja, pelo uivo aterrorizador de um lobo perdido da alcateia.

     Finalmente, já pouco faltava para o amanhecer. Um pequeno ser de cabeça gigante e corpo minúsculo, saltou para o saco. Mais à frente, outro de corpo e cabeça equilibrados, mas sem pernas. E, logo a seguir, mais um, inteiro mas quase sem cabeça. O sim, o talvez e o não, pensei. Nem sei a propósito de quê. Não deve ser fácil apanhar três Gambozinos numa só noite. Com um foco de luz, por vezes fantasmagórico, de uma lanterna elétrica.

 

 

 

     Chegado à cabana de troncos e hera entrelaçada de onde partira - já o lusco-fusco da noite-dia se fazia adivinhar -, despejei, delicadamente, o saco sobre a única mesa ali existente. Os Gambozinos saíram, alinhando-se pela ordem de captura. Interroguei-os, com curiosidade e a má disposição de uma noite não dormida. Pior disposição a deles, mal-encarados, carrancudos, de lábios cerrados, silenciosos e inexpressivos.

     Conjeturei factos e cenários, construi teorias, mas cheguei apenas a uma conclusão: se aqueles seres existissem só podiam ser, pela ordem de captura e apresentação, cientista, banqueiro e político. O primeiro, pelas olheiras, provavelmente trabalharia por conta de outrem ligado ao segundo. O segundo fazia o que se sabe, devia passar o tempo de charuto na boca meio deformada e sempre concentrado sobre o tabuleiro de xadrez. O terceiro era, dizia, fazia…

 

     Lamento, mas não me lembro. Isto de apanhar e classificar Gambozinos, além de ser do foro psiquiátrico é de zoólogo social amante de um bom néctar da Escócia.

 

Avelino Rosa

Odivelas, 25-12-2015

 

Poesia

23-12-2015

   

 

São Martinho

10-11-2015

   

 

     Amanhã é dia de São Martinho.  - Castanhas e vinho.

     Para conhecer a história pesquise na Internet. Um gesto de humanidade de um soldado romano.

     Nesta altura, de a crispação política e em que a bondade é quase irrelevante, prova-se o vinho com as castanhas, retiradas do “ouriço”. A vida é um pouco assim. São os espinhos que, vencidos, lhe dão mais sabor. Que todos, sentados à mesa do verão tardio, saibam entender que Portugal está em primeiro lugar…

 
 
 

 

Clique em cima da foto para ler a História do 5 de Outubro

 

 

 

 
Poesia

Tátá

22-05-2015

     
Poesia

Morrendo em ti

22-05-2015

     
Poesia

 Desinteressada

08-05-2015

     
Poesia

 O teu Retrato

01-05-2015

 

 

 
Jornal "ALAGOA"

24-03-2015

 

 

 

Ao cabo de tantos anos, eis como a juventude

nos entra porta adentro, acordando a saudade,

mas sobretudo mostrando-nos alguém que

quase havíamos esquecido - nós próprios.

Grato Alda Monteiro e João Luís, por me

terem feito recordar tempos fantásticos.

(Esta é uma montagem da compilação que

o João Luís fez do jornal local de que foi editor

- o Alagoa - e que me orgulho de ter sido colaborador).

Em Prosa, na opção "1970-2001" pode ver mais textos

publicados no Alagoa.

Bem hajam Alda e João Luís!

   
Poesia

Poesia (Dia da Poesia)

21-03-2015

     

 

   
Poesia

Babel aqui ao lado

01-03-2015

     
Poesia

Estátua fria

01-03-2015

     
Prosa

 Gente de Fibra (Ótica)

22-02-2015

     
Poesia

 Cesto de vime

29-01-2015

     
Poesia

 Pedra de mármore

11-01-2015

 

 

 

 
Prosa

 Ao correr das teclas... I

03-01-2015

     
Poesia

 Escondendo segredos

02-01-2015

 

 

 

 

Poesia

 Fantasma Fantasia

28-12-2014

     
Poesia

 O Grito

21-12-2014

     
Poesia

 Quero ser Mar (canção)

14-12-2014

     
Prosa

 Os trauliteiros

13-12-2014

 

 

     
Prosa

Jardim dos Desejos

05-12-2014

     
Poesia

Beijo com sofreguidão

11-11-2014

     
Prosa

Pão que o Diabo amassou

08-11-2014

     
Poesia

Plantação de letras

01-11-2014

     
Poesia

Essa Força

21-10-2014

     
 

 
     
Poesia

Poema naufragado

18-10-2014

 

 

 

 

O Gato das Botas (nova versão)

 

12-10-2014

 

 

     Fim de outono. De botas reluzentes, passeava-se pela sede da Secção do Partido. Esperava o leader, homem pequeno, esguio e ambicioso. Capaz de quase tudo, de tudo mesmo – desde que por interposta pessoa -, para subir os pedestais da política, até onde fosse legítimo e ou possível.

     Prometera ajudá-lo, mesmo que tivesse de arcar com as consequências do insucesso, dele claro, que o leader era intocável. Frequentava a Faculdade da Treta, sempre que se lembrava, com o único objetivo de ter um canudo que justificasse um tratamento por deferência – Dr. (Senhor doutor) -, que ficava sempre bem, condizente com a posição e abria alguns círculos mais renitentes a iletrados.

     As faltas às aulas iam sendo compensadas por colegas do mesmo ramo de atividade, ávidos de servir o servil do chefe, e os próprios docentes – convictos de uma hipotética ascensão -, jogavam na incerteza e probabilidades do futuro, que antes a Deus pertencia e agora a quem mais sabiamente o preparava nos bastidores.

     E o novo Gato das Botas – como lhe chamavam alguns, em jocosa alusão a uma das versões do conto de Charles Perrault -, ia, paulatina mas objetivamente, preparando o terreno para a sua criação, estabelecendo pontes, abrindo portas, obtendo compromissos, arranjando consultorias com dupla utilidade – sustento e experiência curricular para o chefe.

     Quando chegaram, finalmente, ao poder, festejando o êxito do programa traçado, o sol foi de pouca dura. O gato lacaio, acusado de falsas habilitações e promessas vãs foi trucidado pelos Media e, contrariamente, ao expectável a um servil, assanhou-se, deitando as unhas de fora e arranhando quem ousasse apontar-lhe como caminho a demissão.

     E levou tudo de arrasto. O leader, os novos servidores de ambos, os que haviam pactuado ao longo dos anos, até os que, sabendo de tudo, se haviam calado em conveniente conivência. Estes últimos foram julgados e condenados a prisão. Os restantes mudaram, aparentemente, de ramo de atividade ou, pelo menos, de empresa. E tudo continuou como antes. O Gato das Botas reformou-se, mas ainda dá lições de moral aos mais jovens do partido e cobra os serviços que presta como facilitador, desconhecendo-se se a atividade é declarada e se paga IRS. 

Avelino Rosa,

Odivelas, 12-10-2014

     
Poesia

Pernil de porco

12-10-2014

     
Raposa predadora

12-10-2014

   

   

     A raposa, vaidosa, de pelo brilhante e longa cauda luzidia, parecia faiscar na noite com o néon da discoteca, patética. Bebia um drink numa languidez de freguês habitué, frapê.  

     Mirava, sobretudo, um coelho com pele de veludo. Branco e cinzento, bigodes compridos e nariz nervoso, sempre atento, com orelhas de ouvir tudo à sua volta. Janota, com um laço preto reluzente e diferente na forma de olhar e tentar agradar.

     O coelho correspondia ao olhar da raposa com um sorriso carente, movendo a dentuça reluzente como se lhe mordiscasse as bochechas eroticamente. Sedento de luar e de noite, eufemismo de porto de abrigo, inimigo de si mesmo. Deleitado com a sua áurea de macho, puro narcisismo.

     A raposa saiu do salão, exibindo o seu porte majestoso, na direção do jardim de inverno, sombrio e frondoso. O coelho seguiu-a, rebrilhando o olhar, vazio e sequioso.

     Meia hora depois, a raposa voltou ao salão. Então mais comedida. O brilho apagara-se e a bebida era um chá de tília. Pendendo do pescoço, um novo adereço, preso à écharpe. Um rabo de coelho, ainda em movimentos, lentos.

 

Avelino Rosa,

Odivelas, 10-10-2014

     
Poesia

Rosto lavrado

08-10-2014

     

 

Poesia

Droga de vida

08-10-2014

     
Publicações

Aquela Viagem

23-09-2014

 

 

      No passado sábado, foi lançada a Coletânea "Aquela Viagem", com contos de diversos autores.

     A Editora Papel d´ Arroz colocará o livro à venda on-line e na Livraria Bertrand.

     Participo, com mais cinquenta e três autores, publicando um conto, que intitulei "A Viagem", um exercício pelo interior de mim mesmo, produto dos mundos que me envolveram e envolvem. Da História aos meandros de uma cultura manipuladora, com alguma imaginação à mistura.

 
   

23-09-2014

     
O poder da água

23-09-2014

   
 

 
 

     A água desce desvairada, pela minha montanha, engrossando, estremecendo a terra, abrindo a cama, por onde escorre, livre e furiosa. Arranca árvores, desloca rochas, arrasta tudo o que se atreve a dificultar-lhe a passagem. O encontro com o mar é uma luta de refregas constantes, que se estendem muito para além da foz de cada ribeira. A água acastanhada da terra, envolvendo os despojos ao longo do seu curso, entra sob a vagaria solene e engalanada de brancos esvoaçantes, reflui e volta a insistir, até que ambos se misturam, numa auréola mesclada ao longo da costa.

    

      Vencido o mar, amansada a água da montanha, entranham-se como os amantes que se diluem, clímax da própria natureza do ato de amar.

    

     As tuas lágrimas rebeldes caem sobre o meu peito. Abrem sulcos que se espraiam pelo corpo, como uma teia, tecida de pensamentos e coisas que não entendo. Mas queimam-me, entram pelos poros e espalham-se, como vírus, temperando-me a vontade.

     O beijo que me dás então, sabendo ainda a sal, transporta-me para os ocasos serenos de meados do Outono.

Avelino Rosa,

Odivelas, 21-09-2014

 
Poesia

Futuro atrasado

23-09-2014

     
Poesia

Análise ao sangue

23-08-2014

     
Poesia

Escravo do teu olhar

23-08-2014

 

     
Poesia

Implosão

13-09-2014

     
Poesia

Desnudado

31-08-2014

     
Sonho sonhado

30-08-2014

 

 

    Deitei-me já tarde naquela longa noite de Dezembro. Um pensamento, recorrente, latejava na minha cabeça. Prometera que teria um bom sonho e estava decidido a sonhá-lo. Como? Induzindo-o a mim mesmo ao adormecer, imaginando-me na história, não a história. Vivendo-a, como se fosse real, sentindo como se sente acordado. Por vezes resulta, outras não. Era o meu receio de, sem querer, quebrar a promessa que havia feito, a ela e a mim mesmo.

 

     O corpo começou a abandonar-se ao sono. No meu cérebro uma imagem fixa: a do rosto dela. Por vezes, desfocava desaparecendo, com a sobreposição de uma outra imagem indefinida. Teimando, reconstituía o rosto, até ao vagamente nítido, mas o rosto dela - o que eu queria ver, tocar, sentir...

 

     Adormeci. Maria Mar surgiu do fundo da praia. Gaivotas voavam em círculos, brincando na brisa que soprava a espuma das ondas, farrapos brancos que desapareciam no ar. O Sol era já só metade no horizonte. As ondas murmuravam as rezas do final das tardes. O vestido de Maria adejava, confundindo-se com a brancura da espuma e das gaivotas. Eu olhava-a como uma aparição que se ia tornando mais nítida, mais real.

 

     Estava deitado sobre a esteira roçada de observador do mar e de criador de sonhos da distância. Ela parou, indagando-me com um olhar fixo, perscrutador. Como se lhe trouxesse memórias ainda frescas ou lhe lembrasse outra vida esfumada no tempo implacável, que vai abrindo brechas na sua natural secura. Soerguendo-me, com um gesto lento, enfeitiçado, convidei-a a ficar ao meu lado. Ela aceitou.

 

     Ficámos assim, emudecidos, olhando o infinito, sentido o odor da maresia e dos corpos que comunicam sem palavras. As gaivotas pousaram em nosso redor, repousando das danças agitadas e dos voos errantes. Como se a tarde, já com o Sol feito de mil cores, fosse pretexto para o abandono dos nossos corpos à volúpia, ao êxtase intemporal.

     
Poesia

Estrela Marota

30-08-2014

     
Poesia

Corpo Cansado

30-08-2014

     
Poesia

Pedra Inanimada

30-08-2014

     
Prosa

A Caçada

30-08-2014

     
Conversas de café 02

14-08-2014

   

 

 

  Há quem nunca mude aos nossos olhos. Ainda hoje, quando o vemos de fraque e laço, numa ocasião solene de salão, vemos o casaco gasto e seboso da Faculdade. O olhar enviusado e o sorriso torcido. A cara esburacada de galo atrevido e conquistador de poleiros de poder curto ou tolerado e conveniente. É verdade que há galinhas que cacarejam na razão inversa dos ovos que põem, mas ele há galos que galam voltados à Lua, em razão exclusiva de objetivos pessoais bem delineados e só atingíveis com inteligentes estratégias de chico “espertismo”, anuladas de valores e despidas da mais vulgar decência.

 

   E singram e alcançam, para eles e para a família. O segredo está em vender a alma ao Diabo? Está apenas na desfaçatez e, cada vez mais, na normal realidade de conseguir obter o grau maior do ser insensível e de dormir como o anjo transviado que abraçou a secular profissão da importância e desprezo inúteis.

     
Poesia

Poema para ti

13-07-2014

     
Poesia

Instantes breves

07-06-2014

 

 

     
Poesia

Surgiste do nada

05-06-2014

 

     
Poesia

Conformado

24-05-2014

     
Poesia

Autista

24-05-2014

     
Poesia

Loucura

24-05-2014

     
Prosa

Boca do Inferno

24-05-2014

     

Prosa

Álbum fotográfico

24-05-2014

   
Maldição

29-03-2014

   

 

    Um mendigo – pelo menos a avaliar pelo traje (fato e gravata esfarrapados) e a barba por fazer -, entrou no Café, segurando-se na porta e no canto do balcão, como se fosse desfalecer a todo o momento. Olhado por todos, com comiseração, ergueu a cabeça e disse:

 

       - Fui um Servidor do Estado durante mais de 40 anos. Trabalhei muito para além do que me exigiam e do que me pagavam. Agora estou desempregado, sem ordenado e com uma pensão de miséria. Vivo de esmolas. Morro, um pouco, todos os dias. Talvez morra de vez agora ou nos próximos dias. É por isso que tenho de lançar esta maldição agora: A todos os que me prometeram segurança no trabalho, regalias confiáveis, tratamento justo, recompensas por maior esforço, gratidão pelo exemplo; a todos, primeiros-ministros, ministros, secretários de estado, que não cumpriram o prometido; a todos os empresários, jornalistas, comentadores e gente malformada que, aos poucos, foram minando a confiança no serviço público e pedindo a cabeça dos servidores do Estado; a todos os que, propositadamente, para fazerem valer os seus interesses, foram transformando os servidores públicos em malfeitores; a todos eles, a todos mesmo, sem excepção, desejo que morram da pior forma, sofrendo o tempo suficiente para se lembrarem do mal que fizeram. Que as dores os dilacerem, que o arrependimento lhes provoque hemorragias. Que a morte os disforme como seres inumanos.

 

   Dito isto, o mendigo saiu ligeiro, sem se apoiar em nada e desapareceu pela rua abaixo. Dos clientes do Café, uns riram, outros nem tanto. Eu, como outros, fiquei a pensar.

 

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Circo

01-03-2014

   

 

     A jovem circense que encantava os espetadores saltitando no arame e rematando com uma acrobacia ímpar, padecia de inveja. Dos seios das mulheres que observava. Resolveu, então, fazer um implante. Ao voltar ao trabalho, apercebeu-se de que perdera o ponto de equilíbrio.

     Não se deu por vencida e treinou, treinou... até readquirir parte da elegância com que percorria o arame, a cinco metros da pista do circo. Mas, a acrobacia... nunca mais a pode executar. Só a rede a salvou nas inúmeras tentativas de voltar aos seus dias de glória.

     Moral da história: os seios pequenos são encantadores. Se não gostou, tire você mesmo a conclusão.

 
Poesia

Paixão louca

01-03-2014

 
Dia dos Namorados

14-02-2014

   

 

     O Dia dos Namorados (ou de S. Valentim) tem origem na segunda metade do Século III. Roma, governada pelo imperador Claudius II, estava envolvida em diversos confrontos sangrentos e experimentava dificuldades em recrutar novos solados. Claudius II terá cismado que os homens não queriam abandonar as suas esposas, namoradas e amantes, pelo que proibiu os noivados e casamentos em Roma. Valentim, o bispo de Terri, por fervor ou devoção, continuou a casar jovens apaixonados, o que motivou a sua decapitação em 14 de Fevereiro de 270.

 

     Em 498, Valentim é canonizado. As festividades em honra deste santo foram, a pouco e pouco, substituindo as Lupercais, festas pagãs da fertilidade. Durante a idade Média S. Valentim tornou-se num dos santos mais populares de alguns países. Em 1840, Ester A. Howland começou a produzir lembranças para comemorar o Valentine´s Day. Daí em diante, a ideia foi conquistando o Mundo e, hoje, é quase indispensável oferecer algo a quem se ama. Mas, um beijo bem apaixonado, daqueles que perduram ao longo dos anos, mesmo no fundo das cinzas, é bem capaz de ser o melhor presente.

   
Poesia

Pontuação

14-02-2014

     
Conversas de Café 01

02-02-2014

   

 

...

     -Temos saladinha de frutas, mousse de chocolate, arroz docinho e pudimzinho.

     - E que me aconselha?

     - Pudimzinho que é caseirinho...

....

     Somos assim, assimzinho melhor dizendo. Por isso temos um presidentezinho, um governozinho, ministrinhos e deputaduzinhos e mais “inhos” que nem convém mencionar. Será que não há ninguém que mande, já crescidinho?

Tadinhos!.

     De nós, claro. Que almoço mais chatinho...

 
Poesia

Adereços

02-02-2014

     
Poesia

Acendeste um Sol

02-02-2014

   
 

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Prosa

Contos eróticos (2007 e 2011)

25-01-2014

     
Poesia

Novo Ano

04-01-2014

     
 

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Poesia

Fuso e roca

26-12-2013

     
Poesia

Fugi de mim

26-12-2013

     
Poesia

Poço do Diabo

26-12-2013

     
Poesia

Insanidade...

26-12-2013

     
Poesia

Caminhos

26-12-2013

     
Prosa

Sonho sonhado

26-12-2013

     
Língua portuguesa

01-12-2013

   

 

     Assim vai a Língua Portuguesa. “Tar” em vez de estar. “Tão” em vez de estão. Não mereceria reparo se esse linguajar não fosse da responsabilidade de figuras públicas, incluindo deputados e governantes, a quem se exige a preservação daquele património, falando corretamente, dando o exemplo aos cidadãos e, sobretudo, à Escola.

  

     “Tão, badalão” soa o sino, tocado a preceito pelo Sacristão. “Ão, ão, ladra o cão. Camões deve estar a coçar os... cabelos, desvelo de poeta de um País imaginário. Fadário?! Não existe. Apenas a educação e a cultura, que se iniciam nos bancos da Escola e se cultivam.

  

     Retomada a polémica do Novo Acordo Ortográfico, convinha manter a matriz da língua portuguesa.

   
 

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Poesia

Pássaro tardio

08-09-2013

     
Poesia

Tristeza

08-06-2013

     
Poesia

Coisa nenhuma

08-06-2013

     
Poesia

Vens pela Net

30-05-2013

     
Poesia

Flor selvagem

07-05-2013

     
Poesia

Abril sempre!

25-04-2013

     
Nebulosa

19-03-2013

   

 

   As nebulosas são nuvens de poeira, hidrogénio e plasma. Poeira todos sabem o que é. Hidrogénio é um gás inflamável, incolor e inodoro. O plasma, gás ionizado, é designado de quarto estado da matéria. Isto, em termos científicos. Em termos práticas, digamos que uma nebulosa é uma espécie de enxame de gentes, de diversos quadrantes, propensas a contradições, confusões e inflamações, mais ou menos descoloridas e sem odor contagiante, que atuam num universo confabulado e nos azucrinam o juízo quotidianamente.

 

    Ficamos, assim, nublados, mais do que espanto, por uma profunda estupidificação do que nos está a acontecer. Sobretudo, por nos sentirmos radiantemente ionizados a caminho da fissão.

   
Poesia

Atualização, incluindo-se textos de 1971 a 1972

02-03-2013

     
Prosa

Atualização, incluindo-se textos de 1970 a 1972.

02-0922013

     
Prelúdio e fuga

09-02-2013

   

 

    No limiar. De quase tudo, do quase nada. Balanceando a vida. Esgueirando-nos pelos intervalos do tempo. Vivendo, morrendo, ressuscitando. Dos prazeres ao desespero, ressacando no ócio. Quase sublimes, nos momentos de afirmação. Recatados, escondidos, nas longas ausências de identidade. Perspicazes, mordazes e gentis nas palavras. Aborrecidos nas delongas e pausas intempestivas. Amantes das indefinições, incógnitas e das frases incompletas. Sensíveis, mesmo quando indiferentes. Ternos, na assunção de macho e fêmea. Emocionados nas coisas banais.

 

      As árvores crescem do seio da Terra. Brotam de sementes que não é necessário semear. Nascem e morrem porque pertencem à Natureza. Uma natureza que nos escapa. Nem nos faz pensar, perder um pouco do nosso tempo para conhecer ou, simplesmente, imaginar o milagre. Detemos o saber de quase tudo. Menos o saber de nós. Criamos, recriamos os mesmos ciclos, permanentemente. Adoramos santinhos e santinhas ou um Deus do alter-ego das nossas aflições. No quotidiano, prestamos tributo a ídolos fabricados pelos Media, que conhecemos apenas pela voz, pela imagem e, raramente, ao vivo, numa distorção projetada da nossa própria insatisfação face aos padrões de vida que, num processo difuso, vai sendo fabricando.

 

      O padre António Vieira falou aos peixes. Luís de Camões cantou a epopeia dos Descobrimentos. Fernando Pessoa refugiou-se nos heterónimos para, de modos diferentes, dizer do mesmo. E o mesmo é que, apesar das múltiplas facetas dos que escrevem sobre a Humanidade, há um prelúdio e fuga que se repete. Talvez porque seja a essência da condição humana.

 
Galos de crista baixa

26-09-2012

   

 

     Há cada vez mais galos com a crista baixa. Sinal dos tempos. Agora olham à distância a paisagem que antes não viam. Talvez se surpreendam com o que os rodeia ou, simplesmente, começaram a entender que deixaram de ser o centro das atenções e passaram a alvo. Os muros do mundo de ficção que foram criando, ao longo do tempo, no doce embalo do poder das coisas efémeras, ruiu. Começam a sentir-se sós, abandonados. Alguns, estrebucham, ainda, como o galo mal decepado que bica sem ver, apenas porque pressente o segundo golpe da faca.

 

   Finalmente, há galos que não sendo dignos da capoeira, vão perdendo o canto (e o encanto), baixando a crista, recuando, aos poucos, para o canto mais escuro do galinheiro.

 
Barco à vela

10-06-2012

   

 

      Alguém acredita que esta “coisa” velejava? Pois garanto que sim. E levava duas pessoas. A foto foi tirada em setembro de 1977 na Lagoa de Albufeira. Foi construída em contraplacado e cabia no tejadilho do meu FIAT 128.

      Embora não se veja na foto, tinha leme e caixa de patilhão com o respetivo, feitos também de contraplacado. Não metia água e atingia uma velocidade interessante mesmo com pouco vento.

 
Merklande

07-05-2012

   

 

     Em que é que o “Merklande” vai alterar a política do “Merkozy”? - Na possibilidade de, designadamente, modificar a rigidez da austeridade, permitindo algum crescimento económico e, consequentemente, o relançamento da economia interna com a diminuição do desemprego.

     A pergunta e resposta assentam na perspetiva de uma mudança da política europeia, numa visão otimista e de esperança.

     Eu cá, sendo um rapaz otimista, fico na mesma. Apenas espero que não venha mais do mesmo.

   
Prosa

Delírios

15-04-2012

Falar, sem dizer nada

24-09-2011

 

   Connosco o nosso comentador que nos vai responder ao que acha da crise. “- Bem, como venho dizendo, repetidamente, acho que devo ser a única pessoa a ir ao âmago da questão, que é o das raízes do problema, com as envolvências que conhecemos, o que condiciona fortemente a evolução económica, não só ao nível do nosso País, mas de uma forma global. É previsível que durante este ano, e até meados do próximo, não se obtenham resultados visíveis que possam, de algum modo, dar sinais de um arranque significativo.”.

 

   Vou pensar seriamente em ser comentador. Basta ter boa aparência, falar benzinho e, sobretudo, como dizia o Padre da minha Freguesia de Jovem, “quando falamos devemos imaginar que as pessoas que estão à nossa frente são um serrado de repolhos”. Pois, o homem até tinha alguma razão. Parafraseando outro que já foi para terras dos “bifes”: - E os burros somos nós?!...

 
Poesia

Caravelas

Persistência

24-09-2011

     
Prosa

Camões, o chato!

24-09-2011

     
Ludovico

David e Golias

24-09-2011

Kekeka kekeres?

06-08-2011

 

    Kekeka kekeres? – Escreveu ela. - Quêee?! – Retorqui eu, perante tão insólita pergunta? – Nanada de maismais ... é keke sou gagaga. – Não sabia que os gagos também escreviam gaguejando... lol – Respondi eu. - Poixixix... É parara sabereseres keke sousou assimsim.

 

    Mais uma vez o chat. Agora uma gaga. Não disse antes que este Verão era para esquecer? Compra um gajo um pc portátil, um pingarelho de internet móvel, mete-se nos chats e sai disto. A crise tomou conta de tudo ou quêquê? Daqui a pouco quem gagueja sou eueueu...

 
Poesia

Casa túmulo

Melro preto

06-08-2011

     
Prosa

Cores do desejo

06-08-2011

     
Ludovico

Obama, já chega

06-08-2011

     
Férias, kais férias?  

18-07-2011

 

 

(Tou rendido à linguagem dos chats, por isso, não kero mesmo saber do português, com Akordo ou sem ele.)

    

   ´Vem um gaijo à procura de uma cena para curtir umas férias no Algarve e xega à konklusão ke não era a cena ke tinha endrominado. Não tá muita maltosa, isso não tá. Mas há bué de portugas, kuando tava à espera dumas xikas inglesas, alemoas, francesas, suekas… sei lá, de gaijas bouas memo. As portugas só gritam e armam chavaskal e cortam-se kuando a cena é pra valer. As stranjas vão memo até...Ya.

    

   Atrakei a uma gaija de Leiria e a coisa tava a dar, mas, num repente, ela disse-me: “- Ya, meu, a cena tá fixe, mas vou bazar!”. Sem mai nada. E bazou memo. Fiquei prali feito totó, com kara de palhaço. Tão a ver… Foi então ke decidi voltar pro Pourto, kisto de axar ke o Algarve é pra stranjos já deu… E depois kerem ka gente axe piada ao ALLgarve. Tasse, meu.

   
Poesia

A Taberna

A Bola

18-07-2011

     
Prosa

A Fatinha e a Maria Olívia

18-07-2011

     
Ludovico

A Crise Maior

18-07-2011

   
Incerteza...

05-06-2011

   

 

   Ainda não há resultados eleitorais, mas serão conhecidos daqui a poucos minutos. Votei como todos os cidadãos o deviam ter feito, sobretudo neste momento particular que exige, de todos nós, uma participação activa. Dito isto, fica-me a boca amarga, como se um bago de fel, alimentado nos últimos anos, aumentasse num pico, esperado, de incerteza.

    

   A incerteza, não tanto dos resultados mas, sobretudo, do que nos espera.

     

Poesia

Amor recorrente

05-06-2011

Agora, e o depois...

19-04-2011

   

 

    O cabelo, outrora loiro, a adivinhar-se pelos resquícios de madeixas irregulares, estava agora empastado e tingido de cor de cinza, mesclada de encardidos e negros. O vestido amarrotado, provavelmente comprado em tempos de abundância, denunciava ainda uma marca famosa. Nos pés, uns chinelos sem cor, gastos. Quando voltei ao rosto daquela mulher jovem, maltratado e sujo, perdi-me num azul profundo, de mar tempestuoso, sem sinais de calmaria.

    

    Deambulando, trôpega, entre as mesas da esplanada do Café, repetia a mesma frase: “- Estou desempregada, uma esmola, por favor!”.

Prosa

A Senhora Marquesa

19-04-2011

Poesia

Beijo ausente

19-04-2011

Ludovico

Crise, qual crise?

19-04-2011

   
A Cidade

29-01-2011

   

 

    Vivo na cidade porque gosto de me sentir incógnito entre a multidão. Dizia eu isso há muitos anos atrás. Era então quando se manifestava o antagonismo com um meio pequeno, onde vivera e em que toda a gente se conhecia. As coscuvilheiras das janelas, debruçadas sobre o seu pequeno Mundo, faziam chegar, nunca soube porque artes, a notícia das minhas peripécias nocturnas a casa antes do meu regresso. Porque não havia telefone e o passa palavra estava impedido por uma ponte e mais uns bons metros de estrada. Embora nunca tenha ligado muito a isso, senti-me muito mais livre e senhor de mim mesmo na Capital, descobrindo os novos horizontes.

     Hoje, não sei se é assim. Vivo na Cidade como se não vivesse. Faço um percurso diário periférico e volto-lhe costas sempre que posso. Tento dosear a Baixa como medicamento de recurso e inevitável. Reconheço as vantagens das grandes superfícies comerciais, mas sei, quase sempre, à partida, onde está o que quero mesmo. No hipermercado levo cerca de meia hora nas compras da semana. As promoções passam-me, quase sempre, despercebidas. Há uns anos atrás, sofri a vergonha de me terem telefonado a pedir explicações por ter respondido a um inquérito em que afirmava não ter notado o “Festival da Páscoa” ou outra coisa parecida, que até tinha milhares de ovos e coelhinhos. Não vi mesmo, mas compreendo o desespero deles com pessoas assim como eu.

     Mas ainda não respondi à minha própria dúvida. Tento pensar como seria viver longe da cidade, num qualquer lugar. Talvez até a poucos quilómetros da Capital. Mas nem imagino. Sou dos acérrimos defensores da descentralização e da criação de valências locais. Vocifero contra os engarrafamentos, contra a poluição, contra a perda de tempo e do tempo não vivido, mas não me imagino a viver fora da Cidade. É uma contradição, aceito. É como sentir, ao mesmo tempo, que estou longe e perto, com tudo à mão. É como estar isolado, sabendo que posso ter um banho de multidão anónima, que me pode apetecer cumprimentar, mas não tenho de o fazer e muito menos de inventar conversas de ocasião. Coisas de ilhéu!...

 

(A foto é de uma rua estreita para os lados de Alcântara)

 
 

Entrevista ao Jornal Tribuna de Macau

   
 

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